Fecomércio: Após oito altas seguidas, Intenção de Consumo em Salvador cai 6,6% em abril
O ICF passou os 87,2 pontos de março para os atuais 81,5 pontos

Foto: Reprodução / Agência Brasil
Em abril, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio-BA, teve sua primeira queda após oito altas consecutivas. O ICF passou os 87,2 pontos de março para os atuais 81,5 pontos, queda mensal de 6,6% e volta ao patamar que se viu em janeiro, de 81,3 pontos. Ou seja, anulando o ganho que o indicador teve no ano. E na comparação com o mesmo período do ano passado, a queda é ainda mais acentuada, de 21,9%.
O consumo foi fortemente abalado, mas principalmente daqueles produtos mais caros, que tem uma necessidade de parcelamento, que são os duráveis, como televisor, computador e outros eletrodomésticos. O item Momento para Duráveis caiu 13,3% e se situa nos 34,3 pontos, de alto pessimismo, com quase 82% dos soteropolitanos dizendo ser um mau momento para compras desses tipos de produtos.
Segundo o economista Guilherme Dietze, parte desse sentimento mais negativo está na maior dificuldade das famílias na obtenção de empréstimos para compra a prazo. O item Acesso a Crédito confirma isso, com a retração mensal de 8,3% e voltando para os 87,7 pontos, menor patamar desde agosto do ano passado. "E outra parte está no conjunto de fatores de medo de perder o emprego, da impossibilidade de compras em lojas físicas e do aumento de preços dos produtos de alimentos até os eletroeletrônicos", explica.
O Nível de Consumo Atual registrou forte queda de 10,5%, passado dos 78 pontos de março para os 69,8 pontos nesta nova coleta. E para o curto prazo, a intenção também é menor. O item Perspectiva de Consumo também seguiu a maioria e caiu 9,6% no mês, mas com uma pontuação um pouco mais elevada, de 81,6 pontos.
"As famílias de Salvador estão se sentindo menos seguras no seu emprego. Tanto o Emprego Atual e Perspectiva Profissional apontaram recuo em abril, de 1,1% e 4,6%, respectivamente. Ambos ainda estão, e são os únicos, no patamar de satisfação, acima dos 100 pontos, com 104,2 pontos para o primeiro e 100,4 pontos para o segundo", avalia Dietze.
Os dados do Caged, do Ministério da Economia, mostram geração positiva de emprego em Salvador no primeiro bimestre. Porém, não capta o momento atual de lojas fechadas e muitos empresários não tendo saída a não ser a demissão, gerando mais apreensão para as famílias.
E por fim, o item Renda Atual que atingiu os 92,1 pontos, queda de 4,2%. O que pode ser explicado pelo aumento da inflação, sobretudo o de alimentos que mais impacta no orçamento das famílias.
Em cenário como esse, quem mais sofre são as famílias com renda mais baixa. O índice de Intenção de Consumo das Famílias que ganham até 10 salários mínimos passou dos 83,9 pontos para 78,2 pontos, entre março e abril, queda de 6,8%. Enquanto a variação para a renda mais alta foi de -5% e a pontuação ainda está acima dos 100 pontos, com 115,7 pontos.
A Fecomércio-BA projetou um prejuízo de R$ 70 milhões por dia com as limitações de atividades na Bahia. Guilherme Dietze explica ainda que "os consumidores também sentiram no seu dia a dia essa situação desafiadora da economia de Salvador e baiana como um todo. Por enquanto, o indicador deve continuar nesta tendência até a reabertura gradual e na expectativa da vacinação, que continua a passos lentos".