Fim das atividades da Ford pode gerar prejuízo de R$ 5 bilhões na economia baiana, revela estudo
Especialista diz que encerramento da fabrica marcará revés no processo de diversificação da matriz industrial do estado

Foto: Reprodução/Amazonas Atual
O encerramento das atividades da fábrica da Ford em Camaçari, na região metropolitana de Salvador, e suas possíveis consequências na cadeia produtiva que atua em torno da fábrica, pode pode gerar um baque de cerca R$ 5 bilhões na economia baiana, valor equivalente a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) do estado. Este é o valor estimado de movimentação financeira direta e indireta gerada pelo Complexo Ford, segundo um estudo realizado em 2019 pela SEI, órgão de estudos econômicos e sociais ligado ao governo da Bahia.
A participação do setor automotivo na produção de riquezas na Bahia foi de 0,3% em 2019. Mas, levando em conta os seus impactos indiretos em outros setores como comércio e serviços, a participação tende a ser muito maior. De acordo o economista Gustavo Pessoti, vice-presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia e um dos autores do estudo da SEI, haverá uma perda na massa de salários que movimenta o entorno de Salvador.
"Quantos serviços como shoppings e universidades foram criados em função deste público? Evidente que o impacto da saída da Ford é muito maior, muito mais negativo", afirma. A participação no setor na indústria de transformação caiu em proporção semelhante. Em 2011, o setor automotivo tinha representava uma parcela de 7,5% da indústria baiana.
Desde então, foi perdendo participação, ano a ano, até chegar em 2019 com em um patamar de 3,5%. A estimativa para 2020, ano marcado pelos impactos da pandemia da Covid-19, é que esta participação tenha caído para algo em torno de 1,8%. “Os dados são inequívocos. Era óbvio que a companhia estava sangrando, que sua capacidade de transformar, de produzir e de vender já não atendia mais as expectativas do mercado”, avalia Pessoti.
Na avaliação de Pessoti, a saída da Ford da Bahia significará um revés no processo de diversificação da matriz industrial do estado, que é historicamente muito concentrada em segmentos como a química e petroquímica.? O governador da Bahia, Rui Costa (PT), criou um grupo de trabalho que vai buscar alternativas ao fechamento da empresa em Camaçari. A ideia é atrair uma nova indústria automotiva para ocupar o parque industrial que será deixado pela Ford.