Fiocruz descumpre promessas em série e só produz 1 de cada 6,5 vacinas aplicadas
Saldo de vacinas fabricadas pela instituição é de 15,3% do total aplicado no país

Foto: Agência Brasil
Números do Ministério da Saúde apontam que das 46,4 milhões de doses de vacinas contra Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, já aplicadas em todo o Brasil até o dia 6 de maio, incluindo a primeira e a segunda dose, só 11 milhões, o equivalente a 24% do total, foram do imunizante Oxford/AstraZeneca produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O restante aplicado, segundo a pasta, foi da Coronavac. Até o momento, ainda não há dados sobre a vacina da Pfizer/BioNTech.
A participação das vacinas produzidas pela Fiocruz no total de doses aplicadas foi ainda menor, já que quatro milhões de doses prontas de AstraZeneca foram importadas da Índia e estão somadas à sua produção no balanço do ministério. Descontadas as doses indianas da conta, o saldo de vacinas produzidas pela instituição e já aplicadas na população cai para 7,1 milhões, o equivalente a 15,3% do total ou uma em cada 6,5 doses administradas até agora no país. Ainda que indiretamente, esse desempenho acabou prolongando o ciclo de contágio, ao limitar o processo de imunização nos primeiros meses do ano, e gerou frustração na população, ansiosa pela vacinação, de acordo com o UOL.
O UOL mostrou, em reportagem, promessas feitas pela Fiocruz em relação a entrega das vacinas que, em sua maioria, atrasaram. Além disso, também mostrou declarações e comunicados oficiais feitos nos últimos meses. Veja:
"Quando o Butantan fez a parceria com a Sinovac e a Fiocruz com a AstraZeneca, todo mundo acreditava que a Fiocruz iria se dar melhor, mas o que acabou acontecendo foi o contrário", afirma o biólogo Fernando Reinach. Os resultados parecem ainda piores quando confrontados com as promessas feitas pelos dirigentes da Fiocruz, que desde o princípio anunciaram projeções muito elevadas para a entrega das doses. "Eles sempre tendem a prometer o melhor cenário possível - e na vida não é assim", diz Reinach. "Nunca acontece o melhor cenário possível."
Logo depois da assinatura do contrato inicial, por exemplo, a Fiocruz chegou a falar na produção de 265 milhões de doses da vacina do Programa Nacional de Imunização (PNI) em 2021. No fim do ano passado, porém, a previsão foi reduzida em 20%, para 210,4 milhões de doses, 100,4 milhões fabricadas com Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) importado da China e outras 110 milhões com IFA nacional, a ser produzido numa nova unidade industrial, que ainda está em construção.
Em janeiro, a Fiocruz anunciou a entrega de 50 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca até abril e manteve a previsão mesmo quando surgiram as primeiras dificuldades para cumpri-la. No total, o número de doses entregues ao PNI no período ficou em 22,5 milhões, menos da metade. Em 5 de fevereiro, a Fiocruz prometeu entregar 15 milhões de doses em março, mas entregou só 2,8 milhões, o equivalente a 18,7% do prometido. A entrega de vacinas com insumo nacional, inicialmente prevista para agosto, passou para setembro e agora dirigentes da Fiocruz já falam que só acontecerá a partir de outubro.