Fraude na Fast Shop envolvia alta cúpula fiscal, aponta investigação

A empresa Fast Shop está no centro de um esquema de fraudes bilionárias na Secretaria da Fazenda de São Paulo (Sefaz-SP). Documentos obtidos pelo jornal O Globo mostram que a atuação irregular não se restringia a contatos pontuais, mas estava estruturada em diferentes níveis hierárquicos da empresa.

O diretor estatutário da varejista, Mário Otávio Gomes, é descrito como articulador principal, responsável por negociar diretamente com o auditor fiscal Artur Neto e intermediar pagamentos por meio da Smart Tax. Além dele, coordenadores e analistas fiscais também aparecem em reuniões, trocas de mensagens e repasses de informações que sustentaram o esquema.

Segundo os investigadores, a rede funcionava de forma organizada: enquanto Mário e Caroline Camargo Godoy conduziam negociações e pagamentos, outros funcionários cuidavam do fluxo operacional. Com isso, a Fast Shop entregava ao próprio auditor notificações oficiais que deveriam ser fiscalizadas, transformando-o, na prática, em um aliado da companhia.

As práticas, que teriam beneficiado a empresa em mais de R$ 8 milhões em compensações irregulares, integraram um esquema que pode ter movimentado R$ 1 bilhão em cinco anos.

O modo de operação para a Fast Shop e outras empresas era basicamente o mesmo: o auditor prestava consultoria nas duas pontas, tanto no início do processo, de envio de documentação, até o no final, quando assinava pessoalmente os reembolsos na Sefaz.

O auditor fiscal Artur Neto foi preso em 12 de agosto, juntamente com o empresário Sidney Oliveira, dono da rede de farmácias Ultrafarma, e Mário Otávio Gomes. Segundo o MP, a relação do auditor com a varejista era a mais longa apurada pela investigação. Ambos os empresários se encontram soltos, graças a habeas corpus que suspenderam a cobrança de fianças.