Gastos na compra de vacinas crescem três vezes em 10 anos e causam pressão no teto de gastos pós-pandemia
Compra e distribuição de vacinas no SUS pulou de R$ 1,8 bilhão em 2010, para R$ 5,8 bilhões em 2019

Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Os gastos com vacinas triplicou na última década e tem pressionado o orçamento do Ministério da Saúde antes mesmo da vacina da covid-19 chegar ao mercado para comercialização. Para custear a despesa sem que o teto de gastos seja furado, a pasta terá que remanejar verbas de outras áreas.
A compra e distribuição de vacinas no SUS cresceu 226%, de R$ 1,8 bilhão em 2010, para R$ 5,8 bilhões em 2019 (na atual cotação), de acordo levantamento feito pela organização não governamental independente, Repórter Brasil, no portal do orçamento do Senado.
Só no ano passado, o gasto do governo foi de R$ 1,2 bilhão a mais com o programa para imunização em decorrência da importação de duas vacinas: a meningocócica ACWY e a de sarampo, que necessitou ser importada, pois a fábrica da Fiocruz não conseguiu ter condições de arcar com a demanda gerada pela pandemia.
A despesa dedicada a vacinas tem contribuído para o aumento dos gastos do Ministério da Saúde com assistência farmacêutica, incluindo, compra de medicamentos e custeio de farmácias. Os gastos da União registraram crescimento de 75% entre 2010 e 2019, deixando de R$ 11,3 bilhões para R$ 19,8 bilhões, com os descontos da inflação, de acordo com o Inesc. Contudo, o orçamento geral da pasta teve crescimento de 40% no período.
Se no ano de 2010 as vacinas e medicamentos consumiam 10% do orçamento do ministério, no ano passado alcançou a marca de 14,6%, de acordo com Inesc. A previsão inicial é de que ocorra aumento nos gastos com a chegada de novos remédios e vacinas para o novo coronavírus.