Gripe aviária no Brasil: consequências econômicas e reação internacional
Preço do frango e ovos pode diminuir a curto prazo

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A paralisação temporária nas exportações brasileiras de carne de frango para a China, União Europeia (UE) gerou alerta entre produtores e analistas do agronegócio, mas o impacto inicial é visto como administrável. A avaliação é que o setor tem maior capacidade de redirecionar sua produção a outros mercados, especialmente considerando o atual contexto de demanda global elevada por proteínas.
Autoridades do Ministério da Agricultura, como o ministro Carlos Fávaro e o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Perosa, explicam que o envio de frango ao mercado chinês representa cerca de 14% do total exportado, uma participação bem menor que a da carne bovina, que gira em torno de 40%. Essa diferença faz com que o setor avícola tenha maior flexibilidade para encontrar novos compradores.
Apesar disso, os riscos aumentam caso a interrupção nas compras chinesas se prolongue ou leve outros países a adotarem restrições semelhantes, é o que aponta especialistas ao CNN Brasil. Um cenário desse tipo levaria a um acúmulo de oferta no mercado interno, pressionando os preços para baixo em um primeiro momento. Com margens apertadas, os produtores poderiam ser forçados a reduzir a produção, o que no médio prazo traria efeitos contrários com menos oferta e preços mais altos para o consumidor final.
Alê Delara, diretor da consultoria Pine Agronegócio, lembra que esse tipo de medida já ocorreu em outras ocasiões. Ele cita como exemplo os embargos temporários à carne bovina após casos suspeitos de encefalopatia espongiforme bovina (doença da vaca louca), quando o próprio Brasil suspendeu voluntariamente os embarques à China enquanto aguardava aval para retomar as exportações.
Mercado financeiro
Especialistas apontam que o mais provável é que se inicie uma fase de negociações e análises técnicas, como já ocorreu em episódios semelhantes, enquanto o setor busca alternativas para minimizar os efeitos da suspensão. No mercado financeiro, a notícia provocou reações cautelosas.
De janeiro a abril deste ano, o Brasil exportou US$ 3,7 bilhões de carnes de aves e miúdos. Dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Reação internacional: o que a mídia está falando?
Além da suspensão da venda da proteína, o Financial Times - um dos jornais britânicos de negócios e economia mais influentes do mundo destacou a suspensão das exportações pela China e os impactos econômicos para o Brasil. A publicação observou que, embora a gripe aviária não seja transmitida por produtos avícolas e apresente baixo risco para humanos, a suspensão afeta significativamente o comércio internacional de carne de frango.
A mídia latino-americana, incluindo veículos como El País Argentina e RFI e tem destacado o impacto econômico e as medidas de contenção adotadas pelos países afetados.
Entenda o caso:
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) identificou um caso de gripe aviária em uma granja comercial na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul na quinta-feira (15). A informação foi confirmada na sexta-feira (16) com ênfase ao fato de que a contaminação não se dá através do consumo da carne de frago ou ovos. Esse é o primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) detectado na avicultura comercial do país.
Com a confirmação da doença, a área em Montenegro foi isolada e as aves restantes eliminadas. Uma investigação complementar será realizada em um raio inicial de 10 km da região da identificação do foco.
De acordo com o Mapa, a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves nem de ovos. "A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo", diz comunicado da Mapa.