Família de guia turístico nega versão da SSP-BA de que ele seria segurança de líder de facção
Caso aconteceu em Caraíva, distrito de Porto Seguro; atestado de óbito diz que vítima sofreu "politraumatismo e choque hemorrágico"

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Um guia turístico, identificado como Victor Cerqueira Santos Santana, de 28 anos, foi morto em uma operação policial na Vila de Caraíva, distrito de Porto Seguro, no último sábado (10). Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Victor morreu em confronto, mas a versão é contestada pela comunidade.
Amigos e familiares do guia alegam que ele foi algemado e levado pelos policiais. A família também afirma que o corpo do jovem apresentava sinais de tortura. Segundo a certidão de óbito, a causa da morte foi "politraumatismo toráxico, choque hemorrágico e projétil de arma de fogo".
A operação aconteceu sob coordenação da SSP-BA e envolveu as polícias Militar e Federal. O objetivo era prender um homem apontado como chefe de uma facção criminosa de Porto Seguro, conhecido como “Alongado”. Segundo a SSP-BA, Alongado resistiu e foi morto. Já Victor foi apontado pela pasta como "segurança" do chefe da facção e teria morrido em confronto. Um terceiro homem, que não teve o nome divulgado, foi preso.
Na manhã de segunda-feira (12), um grupo bloqueou o acesso às balsas que fazem a travessia do rio Caraíva em protesto pela morte do guia. Pessoas próximas ao jovem criaram a página “Justiça por Vitinho” no Instagram para denunciar o caso.
Nas redes sociais, a mãe de Victor, Luzia Cerqueira, disse que “o erro dele foi ter a mesma cor de quem era procurado" e disse que Victor não tinha passagens pela polícia. Ao g1, o delegado Bruno Barreto, responsável pelo distrito de Caraíva, confirmou que o guia não tinha antecedentes criminais.
O Farol da Bahia questionou a SSP sobre a versão defendida pela família e qual ação explica o politraumatismo toráxico e o choque hemorrágico descritos no atestado de óbito, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
O caso é investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar. O Ministério Público do Estado da Bahia instaurou um procedimento para acompanhar as investigações.