Um simples fazendeiro, mas que fez história ao desenhar um camundongo que mais tarde faria sucesso entre jovens e adultos de todas as idades e atravessaria gerações. Essa é a história de Paul Murry, um dos maiores desenhistas do século 20, que há exatos 30 anos deixava o mundo com um legado impressionante.

Responsável pela ilustração de Mickey Mouse, Paul Murry começou a carreira de desenhista trabalhando em uma empresa de impressão em 1937, quando o dono o contratou após avistar os desenhos feitos por Murry nas bordas de um formulário de perguntas, que havia sido enviado pelo desenhista a um concurso.

Durante a década de 30, os quadrinhos Disney eram publicados somente em tiras de jornal. Com isso, em um momento inicial, ele procurou trabalho como animador dos desenhos da companhia para o cinema. Trabalhou com Fred Moore, um dos principais animadores da Disney, que havia criado o Mickey moderno e foi o grande incentivador dos desenhos em quadrinhos do Camundongo. Murry teve uma carreira brilhante nos curta-metragens, trabalhando em renomadas obras como Pinóquio, Dumbo e Você já foi à Bahia?, os personagens que eram utilizados nas histórias, posteriormente integrariam os quadrinhos que ele desenharia.

Estreia na Disney como desenhista

A estreia como Desenhista de quadrinhos da Disney aconteceu em 1943, quando ilustrou junto com Bob Grant, outro grande profissional, a primeira história de Zé Carioca, personagem brasileiro criado para representar o povo da Cidade Maravilhosa, publicadas nas tiras diárias do jornal. Além de tiras com o carioca, também ilustrou o personagem mexicano Panchito e o Mickey. Sendo que o primeiro trabalho com o amado ratinho foi chamado de O Segredo dos Fantasmas, posteriormente vieram outras quatro histórias. 

Mesmo com um grande reconhecimento por ter desenhado as aventuras de Mickey, em especial para revistas Walt Disney´s Comcis and Stories e Mickey Mouse, a primeira obra produzida especialmente para uma revista teve o Coelho Quincas como protagonista central. Entre 1946 e 1949, Murry desenhou 15 histórias, e alternou entre o Coelho Quincas e o Lobinho, após as primeiras publicações na revista, a fama veio chegando, mas por razões desconhecidas ficou no ostracismo em 1948, 1952 à 1953, sem desenhar nenhuma história.

Paul Murry começou a por Mickey como personagem principal na história "Monstro Marinho", em 1950. Entretanto, foi a única vez naquele ano, que o desenhista trabalhou com o camundongo. Ele desenhou outras 19 histórias, sendo que 16 delas foram destinadas à personagens como Pato Donald, Tico e Teco e Vovó Donalda. Essa série de personagens ampliou o repertório do Murry na indústria dos desenhos.

Já no final da carreira, Murry foi perdendo interesse pelo desenho de quadrinhos. O desenhista morreu em 1989, na Califórnia, EUA. A última história publicada depois da morte foi em 2005, chamada de "The Clone Plot", que permanece como inédita no Brasil.

Paul Murry chegou a produzir quadrinhos para a Disney de 1943 à 1984, sem nunca ter roteirizado nenhuma história, ele desenhou 757 histórias.

Murry no Brasil

A primeira aparição das obras do desenhista no país tropical aconteceu em 1950, pela Editora Abril, com o a revista O Pato Donald nº2. Em dezembro de 2009, ganhou uma edição especial de 196 páginas, com "As Grandes Aventuras de Mickey", com 12 histórias do desenhista. Posteriormente, em setembro de 2016, a Editora Abril publicou mais uma edição especial, com 484 páginas dedicada ao desenhista, com mesmo título da obra anterior, contendo 24 histórias, dentre elas algumas inéditas, como "O Rubi de Omar Salgado" e "O Rancho Bons e Velhos Tempos".