Hotel em Belém que aumentou diárias em mais de 80 vezes para a COP30 ainda não recebeu nenhum hóspede
Antes chamado de Hotel Nota 10, o estabelecimento passou de R$ 70 para até R$ 6,3 mil por noite

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A pouco mais de dois meses para a COP30, marcada em Belém para os dias 10 e 21 de novembro, o Hotel COP30 ainda não contabilizou nenhuma reserva.
O estabelecimento, que antes operava com o nome Hotel Nota 10 e diárias de R$ 70, passou a anunciar preços de até R$ 6,3 mil durante os dias do evento, sem atrair delegações.
• Preços das acomodações podem excluir países pobres da COP30
O alto custo da hospedagem preocupa autoridades e organizadores da conferência, que receberá cerca de 50 mil pessoas na capital paraense. A cúpula de chefes de Estado, marcada para 6 e 7 de novembro, deve reunir líderes de 198 países, mas até agora apenas 68 países confirmaram reservas em hotéis da cidade.
A escalada dos preços reflete o impacto da escolha de Belém como sede da conferência. Para muitos estabelecimentos, a COP30 representa uma oportunidade de lucro sem precedentes, enquanto a infraestrutura da cidade ainda não está totalmente adaptada para receber um evento desta magnitude.
Mesmo com investimentos de mais de R$ 4 bilhões em obras públicas, incluindo o novo Parque da Cidade, centro de convenções arborizado que sediará o evento, a oferta de acomodações acessíveis ainda é limitada.
Além dos hotéis, casas e apartamentos privados também entram no mercado, mas os valores permanecem altos. No Airbnb, Booking e plataformas oficiais, diárias próximas a US$ 100, valor considerado adequado pela ONU para delegações de menor orçamento, são praticamente inexistentes.
Alguns proprietários chegaram a anunciar tarifas de até US$ 1.000, que posteriormente foram reduzidas para cerca de US$ 350.
O cenário levanta preocupações sobre a inclusão e participação de países pobres na conferência, que depende da presença de todas as delegações para discutir metas climáticas, combustíveis fósseis e financiamento climático.
Autoridades afirmam que medidas estão sendo tomadas para aumentar a oferta de leitos e reduzir abusividades, incluindo o uso de navios com cerca de 6 mil leitos e a criação de grupos de trabalho para apoiar delegações com orçamento limitado.