CadÚnico: 14 milhões de pessoas superaram a linha da pobreza em dois anos
Redução de 25% no número de famílias em situação de pobreza é atribuída à melhora do mercado de trabalho

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Nos últimos dois anos, cerca de 14 milhões de pessoas superaram a linha de pobreza no Brasil, de acordo com dados do Cadastro Único (CadÚnico). A renda considerada no levantamento não inclui o repasse do Bolsa Família, apenas a gerada pelos moradores do lar. As informações são do jornal O Globo.
No CadÚnico, as famílias são classificadas em três grupos de renda mensal por integrante: pobreza (de R$ 0 a R$ 218); baixa renda (entre R$ 218,01 e meio salário mínimo, R$ 759 em 2025); e com renda acima de meio salário mínimo, que neste caso não é elegível para o Bolsa Família.
Conforme os dados, em março de 2023, 26 milhões de famílias viviam em situação de pobreza. Em agosto deste ano, esse grupo já havia perdido 6,5 milhões de domicílios, o que totaliza agora 19,5 milhões. O número representa uma redução de 25%.
Nesse mesmo período, houve uma redução de 20% no contingente de baixa renda, contra o aumento de 67% das famílias classificadas na faixa mais elevada, contando com mais de meio salário mínimo para integrante, incluindo crianças.
Um estudo do Centro de Políticas Sociais da FGV apontou que a renda da metade mais pobre do país cresceu 19% em termos reais (descontada a inflação) em dois anos até junho de 2025. No mesmo período, o rendimento dos 10% mais ricos subiu menos, 11,6%.
De acordo com o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, o crescimento representa uma redução da desigualdade. "Há um boom trabalhista na metade mais pobre do país. É um crescimento com mais fermento para os mais pobres, o que significa redução de desigualdade", diz em entrevista ao Globo.
Neri observa impacto da redução do desemprego, mas também da maior escolaridade na renda. "Não só é um carro andando, mas com tração nas quatro rodas. São vários componentes contribuindo."
Para o secretário de Avaliação, Gestão da Informação e CadÚnico do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Rafael Osório, o encolhimento da faixa de pobreza reflete o momento favorável do mercado de trabalho.
"A redução das famílias em situação de pobreza é reflexo da melhoria de vida da população, mas não estaríamos vendo isso se refletir no Cadastro como hoje se não fosse a integração de dados", diz Osório.
O secretário explica que os dados também estão mais precisos. Além da renda declarada pelo responsável do lar, o ministério integrou ao CadÚnico a renda formal de trabalho e de benefícios previdenciários e assistenciais do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), o que pode acelerar a saída do Bolsa Família. Desde 2023, a pasta realizou sete ações de integração entre os dois cadastros, com informações de renda atualizadas de 33 milhões de pessoas. Na primeira ação, 15% das famílias em situação de pobreza passaram para a faixa de baixa renda ou acima de meio salário mínimo, e 29% das de baixa renda migraram para a que supera meio salário per capita.