Idosos têm mais riscos de reinfecção por Covid-19
Grupo acima dos 65 anos estão mais expostos
Um estudo conduzido para investigar o risco de reinfecção por Covid-19 mostrou que cerca de 80% das pessoas infectadas ficam protegidas pelo vírus por até seis meses depois de contraí-lo uma vez. No entanto, entre os idosos, a proteção foi mais baixa, com apenas 47% do grupo acima de 65 anos. Ou seja, estão mais reexpostos à doença. A pesquisa foi publicada ontem (17), na revista "The Lancet", e feita com base em dados do sistema público de saúde da Dinamarca.
A Dinamarca desde o início da pandemia já realizou mais de 10 milhões de testes em 4 milhões de pessoas (sendo mais de uma vez em alguma delas). E por ter uma política ampla de testagem, o governo testou quase 70% dos habitantes do país, e criou um dos bancos mais densos do mundo para investigações sobre a reinfecção.
Os pesquisadores Christian Holm Hansen e Daniela Michlmayr, do Statens Serum Institut, rastrearam a quantidade de pessoas que realizam o teste PCR-RT para Covid durante a primeira onda da pandemia, entre março e maio de 2020, e também na segunda onda, de outubro a dezembro do mesmo ano.
Enquanto naqueles previamente infectados a taxa de infecção foi de 0,65% para a segunda onda, aqueles que não tinham contraído a doença antes tiveram uma prevalência relativamente alta, de 3,27%. A partir desses números é que os cientistas estimaram as taxas de proteção.
"Nossas descobertas podem subsidiar decisões sobre quais grupos devem ser vacinados e defender a vacinação de indivíduos previamente infectados porque a proteção natural não é confiável, especialmente entre pessoas mais velhas", escreveram os pesquisadores no "Lancet".
A taxa de proteção da infecção natural medida pelos cientistas foi menor que a média das vacinas disponíveis, quando foram corrigidos para a faixa etária dos habitantes. "A qualidade, quantidade e durabilidade da imunidade protetiva desencadeada por infecção natural com o Sars-CoV-2 é pobre comparada aos níveis bem maiores de anticorpos neutralizantes de vírus e células T induzidas pelas vacinas administradas atualmente", afirmou Rosemary Boyton, infectologista do University College de Londres que comentou o estudo dinamarquês, em artigo de opinião no "Lancet".
Os cientistas ressaltam que a introdução de vacinas eficazes continua sendo a esperança de solução duradoura para conter a pandemia.