Implante de chip da beleza não é aprovado e pode causar alteração no clitóris e mudança na voz

A Febrasgo diz que não existem dados suficientes que validem o uso do dispositivo, seja para fins estéticos ou não

[Implante de chip da beleza não é aprovado e pode causar alteração no clitóris e mudança na voz]

FOTO: Reprodução/G1

O chip da beleza tem ganhado bastante fama em nome da beleza sem esforço. O "dispositivo" nada mais é do que o nome dado aos implantes de gestrinona, um hormônio sintético da progesterona, que faz com que a testosterona (hormônio masculino) aumente.

A gestrinona foi criada para o tratamento de doenças dependentes do estrogênio (hormônio feminino) ou contracepção, como a endometriose, miomas e adenomiose. No organismo, a gestrinona atua como um inibidor de estrogênio, limitando sua atuação, ao mesmo tempo que estimula a produção de testosterona - motivo pelo qual ela é utilizada no tratamento de doenças que dependem do estrogênio.

Contudo, ele se popularizou devido aos seus supostos efeitos colaterais, que podem incluir aumento de massa muscular, da libido e da disposição física, conforme explica a ginecologista Ana Lúcia Beltrame. "O implante não tem como finalidade embelezar ninguém", completa Beltrame. 

Apesar de não ser proibido, o uso do implante hormonal não é recomendado por especialistas. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) afirma que não há recomendação médica para o uso dos implantes, "seja com a finalidade de realizar a terapêutica hormonal da menopausa ou anticoncepção, por escassez de dados de segurança, especialmente de longo prazo".

A ginecologista e membra da comissão especializada em ginecologia endócrina da Febrasgo, Gabriela Pravatta Rezende, diz que apesar de ser usado para doenças dependentes do estrogênio, a gestrinona foi colocada de escanteio. "A gente usava gestrinona por via oral, mas a gente acabou deixando a substância de lado porque foram sendo descobertas outras medicações que tinham um efeito bom no controle dessas doenças e menos efeitos colaterais", afirma Rezende. Até o momento, os estudos disponíveis sobre o uso do implante são limitados e questionáveis.

Além disso, estudos afirmam que a substância também traz efeitos colaterais negativos para algumas mulheres que podem ser reversíveis ou não. Entre os efeitos colaterais reversíveis estão o inchaço, a queda de cabelo, aumento da acne e dos pelos corporais. "Há também o risco da paciente adquirir efeitos colaterais irreversíveis, como o aumento do clitóris e alteração na voz. São efeitos mais raros, mas podem acontecer, principalmente se a quantidade de hormônio for suprafisiológica, ou seja, uma quantidade de hormônio muito grande", explica a ginecologista Ana Lúcia Beltrame.

Estudos observacionais, não conclusivos, revelaram que o ganho estético dos implantes são favoráveis em um perfil específico de pacientes: mulheres magras, praticantes de atividade física e jovens.


Comentários