Imprensa internacional repercute condenação de Bolsonaro por trama golpista no STF
Veículos como Reuters, The Guardian e El País classificaram a decisão como “queda dramática”, “condenação histórica” e “passo importante contra a impunidade”
Foto: The Economist e Marcelo Camargo/EBC
A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de formar maioria para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em uma trama golpista ganhou destaque imediato na imprensa internacional nesta quinta-feira (11). A Primeira Turma da Corte alcançou o placar de 3 a 1 com o voto da ministra Cármen Lúcia, consolidando a condição de Bolsonaro como o primeiro ex-presidente brasileiro condenado por atentado contra a democracia. Ele é julgado ao lado de outros sete réus e cumpre prisão domiciliar desde agosto. A sentença deve ser oficializada até sexta-feira (12).
Agências e jornais de diferentes países deram tratamento de destaque ao caso. A Reuters classificou a decisão como inédita, ressaltando que nenhum ex-presidente havia sido condenado por esse tipo de crime na história do Brasil. O britânico The Guardian afirmou que Bolsonaro pode enfrentar décadas de prisão por liderar uma “conspiração criminosa” e destacou o voto de Cármen Lúcia, que falou em tentativa de “semear a semente maligna da antidemocracia”. O jornal também mencionou a divergência do ministro Luiz Fux, que defendeu a absolvição por falta de provas.
Nos Estados Unidos, o Washington Post relatou que os advogados de Bolsonaro já anunciaram que vão recorrer ao plenário do STF. O Wall Street Journal avaliou que a condenação deve inflamar a disputa política entre Lula e Donald Trump, lembrando que o ex-presidente norte-americano se envolveu publicamente no caso. A Bloomberg, por sua vez, destacou que Bolsonaro acusa o Supremo de perseguição política e mencionou o debate no Congresso sobre um projeto de anistia.
A revista britânica The Economist lembrou declarações de Bolsonaro em 2022, quando dizia que não seria preso, e classificou a condenação como “histórica”, comparando o julgamento a outros episódios de ruptura democrática no país. Já o jornal espanhol El País disse que o Brasil deu “um passo importante contra a impunidade” e ressaltou a pressão internacional que cercou a decisão do STF. A BBC explicou que o plano golpista fracassou por falta de apoio militar, mas acabou resultando nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Na América do Sul, o argentino Clarín chamou o julgamento de “histórico” e afirmou que o ex-presidente pode pegar até 40 anos de prisão.
Enquanto a repercussão internacional projeta o impacto do caso, no Brasil, a expectativa é pelo voto do ministro Cristiano Zanin, que deve encerrar o julgamento.
