Inadimplência atinge 30,4% das famílias brasileiras em agosto, aponta CNC
Endividamento segue em alta pelo sétimo mês, enquanto comprometimento da renda com dívidas registra leve melhora

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou nesta terça-feira (09) que 30,4% das famílias brasileiras estavam inadimplentes em agosto de 2025, o maior percentual desde o início da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), em 2010. O número de lares sem condições de quitar dívidas atrasadas também cresceu, chegando a 12,8%, o maior patamar desde dezembro do ano passado.
Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o dado preocupa. “Isso se dá especialmente em um cenário de crédito mais caro e prazos mais curtos. É um sinal de alerta importante para a economia doméstica”, afirmou.
O levantamento ainda mostra que o endividamento das famílias avançou pelo sétimo mês consecutivo e alcançou 78,8% dos lares, maior índice desde 2022. Apesar disso, houve redução no número de pessoas que se dizem “muito endividadas”, que caiu para 15,4%.
Segundo o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, o cenário reforça a necessidade de planejamento financeiro. “O avanço contínuo da inadimplência reforça a importância de iniciativas de educação financeira e do uso consciente do crédito”, destacou. A projeção da entidade é de alta de 3,1 pontos percentuais no endividamento e 1,6 p.p. na inadimplência até o fim do ano.
Entre os tipos de dívida, o cartão de crédito permanece como principal modalidade, utilizado por 84,5% dos consumidores. Os carnês seguem em segundo lugar, com crescimento em relação ao ano passado.
O estudo também aponta que o peso das dívidas tem sido maior entre famílias com renda superior a três salários mínimos, especialmente acima de dez salários. No recorte de gênero, as mulheres foram as mais impactadas, registrando alta de 1,9 p.p. na inadimplência em comparação a 2024.
Um dos poucos indicadores positivos foi a queda no comprometimento médio da renda com dívidas, que passou de 29,6% em 2024 para 29,3%, menor nível desde 2019.