Índice de assédio sexual contra mulheres é maior do que de roubos no deslocamento nas cidades brasileiras
Pesquisa nacional foi realizada pelos Institutos Locomotiva e Patrícia Galvão

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Uma pesquisa realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão com apoio técnico e institucional da ONU Mulheres, mostrou que a importunação e assédio sexual são os principais motivos de insegurança entre as mulheres que utilizam durante o deslocamento nas cidades brasileiras.
A pesquisa, feita entre 30 de julho e 10 de agosto, ouviu mais de 2 mil pessoas em todo o país, e concluiu que as mulheres são o grupo mais vulnerável quanto às violências que ocorrem nos diversos meios de transporte, seguidas de pessoas LGBTQIA+, negras, de baixo poder aquisitivo e com alguma deficiência.
Um dos dados que chama a atenção é que 7 em cada 10 entrevistadas afirmaram já ter recebido olhares insistentes e cantadas inconvenientes enquanto se deslocavam nas cidades em que vivem. Outras 36% disseram ter passado por episódios de importunação e/ou assédio sexual e 34% declararam que já foram vítimas de assalto, furto e/ou sequestro-relâmpago.
A diretora do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, afirma que "embora haja uma sensação geral de insegurança urbana, a pesquisa comprova que as mulheres sentem muito mais medo do que os homens em seus deslocamentos e que esse medo tem uma razão concreta: as experiências das mulheres com situações de violência, em especial de importunação e assédio", diz Jacira.
Os dados da pesquisa ainda mostram que 83% das mulheres entrevistadas já foram vítimas de episódios violentos enquanto se deslocavam. Dessas, 24% disseram não ter relatado o episódio a ninguém, 53% relataram abalo psicológico após o episódio e 67% contaram que mudou alguns hábitos e comportamentos depois do acontecido. Apenas 27% das mulheres que sofreram essa violência dizem ter reagido a situações do tipo.
O transporte mais citado pelas mulheres como cenário de importunações e assédios sexuais, foi o ônibus. Logo em seguida, fica o deslocamento a pé. Esse se destaca também por outros tipos de violência como assaltos, atos racistas, agressões físicas e estupro.
Outro dado que deve causar alerta é a alta porcentagem, 83%, de mulheres que se privam de utilizar determinadas roupas e acessórios por medo de serem vítimas de alguma forma de violência.
As entrevistadas destacaram que entre os principais fatores que as fazem se sentir inseguras durante o deslocamento estão a falta de iluminação pública, ausência de policiamento, ruas desertas e a grande quantidade de espaços públicos abandonados. Ambos os fatores podem ser solucionadas com a implementação de políticas de segurança efetivas, além de ações de zeladoria mais frequentes.