Ipea: inflação segue maior para os mais pobres em abril
Alimentos pesam mais para o segmento de renda mais baixa

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
De acordo com um estudo apresentado pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), o impacto da alta da inflação segue maior para a população de renda mais baixa, embora o fenômeno tenha sido detectado em todos os grupos analisados. A análise de renda foi realizada no mês de abril e os dados divulgados nesta segunda-feira (16).
Para a renda muito baixa, menor que R$ 1.726,01, a variação foi de 1,06%. Já no segmento de renda alta, maior que R$ 17.260,14 por domicílio, a inflação foi de 1%, segundo o Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda.
O Ipea trabalha com seis faixas de renda em suas pesquisas. Nas três mais baixas, a maior contribuição à inflação do período veio do grupo de alimentos e bebidas. Já para as outras três, o principal impacto foi sentido nos transportes.
Nos alimentos, os principais pontos de pressão na alimentação domiciliar foram bata (18,3%), leite (10,3%), óleo de soja (8,2%), feijão (7,1%) e pão francês (4,5%). O grupo de bebidas e alimentos respondeu por 61% de toda a inflação apurada no segmento em abril.
O Ipea destaca ainda que a alta inflacionária foi atenuada para todas as faixas e renda graças à redução de 6,3% nas tarifas de energia elétrica.
“Este alívio foi mais intenso para as famílias de renda mais baixa, dado o elevado peso deste item nas suas cestas de consumo”, diz o trabalho.
Responsável pelo estudo, a economista Maria Andreia Parente, do Ipea, explica que a pandemia provocou um descolamento entre as inflações dos mais ricos e dos mais pobres, proporcionado pelo cenário de alta de preços dos alimentos, que afeta mais o segmento de renda mais baixa.
“A gente espera que esses preços comecem a arrefecer. O verão é um período de maior consumo de produtos frescos. E engloba o período chuvoso, com maior risco de perda de colheita. Os próximos meses devem então trazer então algum alívio na inflação dos alimentos”, afirma.