Juíza alerta para avanço do crime organizado no DF
Iracema Botelho chama atenção para o fortalecimento das facções e seus reflexos na capital federal

Foto: Divulgação/Agência Brasil
A juíza de direito Iracema Botelho condenou o integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), Romário Gil de Sousa Nascimento, por tentativa de homicídio no assentamento Dorothy, em Sobradinho. Na sentença, a magistrada descreveu a região como um “palco de verdadeiras guerras pelo domínio da ocupação e controle do crime organizado, com tráfico de drogas, de armas, etc.”.
Romário, conhecido pelos codinomes “Galo Cego” e “Deus Proverá”, já possuía outras condenações que somavam 94 anos de prisão. Com a nova decisão, proferida na última terça-feira (30), a pena foi ampliada para 110 anos. O detento seguirá custodiado na Penitenciária Estadual de Formosa (GO).
Na decisão, a juíza também destacou mudanças no padrão da criminalidade na capital federal. “Os personagens mudam, vez ou outra, outros aparecem e as relações entre os criminosos sofrem alterações. E o que se observa, agora, mais frequentemente, é a interligação entre criminosos nascidos no Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Piauí, etc.”, registrou.
Segundo o processo, Romário ordenou uma tentativa de homicídio em julho de 2023 durante disputa por lote irregular em Sobradinho. Para escapar da responsabilização, contou com o apoio da advogada Carla Aparecida Rufino Freitas, que teria articulado a contratação de um “laranja” para assumir os disparos e acionado um servidor do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) para verificar a existência de mandados de prisão. O servidor Rigel dos Santos Brito, técnico judiciário, recebeu R$ 50 para repassar informações e foi indiciado por corrupção passiva.
As investigações revelaram ainda que Romário planejava assassinatos contra membros do Comando Vermelho em Caldas Novas (GO), conflito que teria resultado em ao menos 12 mortes. Em mensagens interceptadas pela polícia, o criminoso chegou a celebrar a morte de um rival, escrevendo“Falta só uns 3 agr (sic). Para nós passa (sic) eles”.
A advogada e o servidor chegaram a ser presos na Operação Têmis, em 2024, mas hoje respondem em liberdade. Rigel cumpre suspensão disciplinar de 90 dias no TJDFT. Em sua defesa, alegou que apenas acessou dados públicos.