De acordo com a reportagem exibida nesta quarta-feira (3), pelo Jornal Nacional, da TV Globo, o professor Juscelino Sarkis, que vendeu ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em janeiro, a mansão de R $ 6 milhões no Lago Sul, em Brasília, é namorado da juíza Cláudia Silva de Andrade, da Justiça de Goiás, que trabalhou no gabinete do ministro João Otávio de Noronha enquanto ele esteve na presidência do Tribunal Superior de Justiça (STJ), entre 2018 e 2019. Na semana passada, Noronha proferiu votos favoráveis ao filho do presidente Jair Bolsonaro em dois recursos necessários por advogados à Quinta Turma do STJ. A defesa tenta atrasar e anular o caso das “rachadinhas”.

Segundo a reportagem, Cláudia e Juscelino Sarkis têm um relacionamento, registrado em fotos dos dois juntos, compartilhadas nas redes sociais. Sarkis era o proprietário do imóvel de 2,4 mil metros quadrados que Flávio adquiriu no início do ano, no chamado “Setor de Mansões Dom Bosco”, uma das áreas mais nobres da capital federal.

Flávio foi denunciado em outubro de 2020 pelo Ministério Público do Rio, com outras 16 pessoas, por um esquema de desvio de salários de ex-funcionários de seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. Entre as suspeitas, está a de que o político utiliza dinheiro ilícito em transações imobiliárias. A mansão é o 21º imóvel negociado em 16 anos.

No dia 23 de fevereiro, durante o julgamento, os cinco membros da Quinta Turma do STJ julgaram um pedido de habeas corpus da defesa do parlamentar para anular a quebra de sigilo fiscal e bancário dele e de mais cem pessoas e empresas suspeitas de ligação com o caso das “rachadinhas”. João Otávio Noronha abriu o voto divergente do relator da ação, o ministro Félix Fischer, e se posicionou favoravelmente ao pedido dos advogados de Flávio.

Na mesma sessão do pedido da Quinta Turma, Noronha também concordou com outro ponto da defesa de Flávio, cujo julgamento ainda não foi finalizado. O magistrado vê irregularidades no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que embasa a apuração da promotoria fluminense e acredita que o documento precisaria ser anulado.