Justiça bloqueia carros de luxo de empresário alvo da Operação Coffee Break

A Justiça Federal determinou o bloqueio de veículos de alto valor pertencentes ao empresário André Mariano Gonçalves, alvo da Operação Coffee Break, deflagrada nesta quarta-feira (12). Entre os bens retidos está um Porsche 911 Carrera S, avaliado em R$ 945 mil. No total, os automóveis bloqueados somam quase R$ 2 milhões.

Mariano é proprietário da Life Tecnologia Educacional, empresa que firmou contratos de grande volume com prefeituras do interior paulista, financiados, ao menos em parte, com recursos federais. A investigação apura se houve superfaturamento nesses acordos e se o empresário utilizou tráfico de influência junto ao Ministério da Educação e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Além do Porsche registrado em seu nome, foram bloqueados dois Hyundai HB20, uma BMW X4 xDrive 30i, avaliada em R$ 412 mil, e uma BMW X3 xDrive 30e, estimada em R$ 397 mil. Segundo a Polícia Federal, uma terceira BMW, modelo 540i, teria sido “doada” por Mariano a Kalil Bittar como parte de pagamentos por lobby em Brasília. “Além dos pagamentos a Kalil, há fortes indícios de que Mariano teria ‘doado’ o mesmo veículo BMW 540i (…) adquirido em nome da Life. Após manter a posse do veículo desde 2023, os interlocutores buscaram transferi-lo para a empresa de Kalil, a Harmony BR Desenvolvimento de Sistemas.” O carro hoje está registrado em nome de uma empresa da Bahia.

A operação também cumpriu mandados de busca nas residências de Carla Ariane Trindade e Kalil Bittar. Carla é ex-mulher de Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já Bittar foi sócio de Luís Cláudio Lula da Silva, o Lulinha. Na decisão que autorizou a ação, ambos são mencionados como pessoas “com alegada influência no governo federal”, conforme despacho da juíza Raquel Coelho Dal Rio Silveira, da 1ª Vara Federal de Campinas.

As investigações apontam que a Life Tecnologia Educacional elevou seu capital social em mais de 113 vezes entre maio de 2022 e meados de 2024. No período, a empresa faturou R$ 111 milhões com vendas de materiais escolares e livros didáticos a prefeituras como Sumaré, Hortolândia, Morungaba e Limeira, apesar de, segundo os autos, não possuir estrutura compatível para atender à demanda.

Ao todo, a Operação Coffee Break cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e resultou na prisão de cinco pessoas, incluindo o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César (PSB).