• Home/
  • Notícias/
  • Salvador/
  • Justiça Federal suspende reintegração de posse em terreno da UFBA por 180 dias para negociação com comunidade de São Lázaro; Entenda

Justiça Federal suspende reintegração de posse em terreno da UFBA por 180 dias para negociação com comunidade de São Lázaro; Entenda

Moradores de São Lázaro afirmam ter sido alvo de informações falsas e pedem retratação pública da instituição

Por Da Redação, Uéditon Teixeira
Às

Atualizado
Justiça Federal suspende reintegração de posse em terreno da UFBA por 180 dias para negociação com comunidade de São Lázaro; Entenda

Foto: FOTO: Arquivo pessoal

A Justiça Federal da Bahia suspendeu, por 180 dias, a ordem de reintegração de posse de uma área pertencente à Universidade Federal da Bahia (UFBA) ocupada por famílias da comunidade de São Lázaro, no bairro da Federação, em Salvador. A decisão, assinada nesta terça-feira (11) pelo juiz federal Igor Matos Araújo, da 16ª Vara Federal, ocorre após um pedido conjunto da universidade e do Ministério Público Federal (MPF) para que o processo fosse temporariamente paralisado e as partes pudessem negociar uma solução pacífica.

De acordo com a decisão, o juiz determinou a suspensão imediata da reintegração de posse e de qualquer outro ato processual relacionado ao despejo das famílias. O prazo de 180 dias deverá ser usado para a formação de uma comissão de negociação entre representantes da UFBA e da comunidade, com o objetivo de buscar um acordo que garanta a proteção da propriedade pública sem prejudicar as famílias que vivem desde antes a intalação da universidade no local.

“Após esforço concentrado, com realização de diversas reuniões, [...] a autora solicita o sobrestamento da ação por 180 dias para que seja realizado o trabalho de negociação entre os integrantes da comissão e os ocupantes da área”, escreveu o magistrado.

O juiz destacou ainda que, embora a UFBA tenha obtido uma liminar favorável à reintegração no passado, a instituição “vem adotando uma postura tímida na busca do cumprimento da ordem”, o que indicaria ausência de interesse concreto na remoção das famílias. O magistrado advertiu que, caso a universidade não se manifeste ao fim do prazo de suspensão, o processo poderá ser extinto sem julgamento de mérito.

UFBA e comunidade pedem acordo

Antes da decisão, representantes da comunidade e da UFBA estiveram, nesta terça-feira (11) no Fórum de Susssuana para reforçar o pedido de suspensão da reintegração.

A vice-diretora da Faculdade de Filosofia da UFBA, professora Mariana Possas, também participou da reunião representando a UFBA e confirmou que a universidade é favorável à suspensão e à busca de uma solução dialogada.

“A UFBA está do lado da comunidade. A denúncia original foi anônima, e a universidade não foi parte ativa no início do processo. Nós defendemos que haja um acordo que não signifique a retirada das famílias, mas garanta condições seguras e dignas para todos”, explicou a gestora.

Segundo a professora, tanto a manifestação da UFBA quanto a do Ministério Público Federal, ambas contrárias ao despejo, já constavam nos autos antes da decisão do juiz.

Entenda o caso

O processo de reintegração de posse teve origem em uma denúncia anônima enviada à Corregedoria-Geral da União, que resultou na abertura de uma ação judicial envolvendo a área onde vivem as famílias. Segundo a UFBA, a universidade foi apenas chamada a se manifestar no processo e não foi responsável por apresentar a denúncia inicial.

A área em disputa fica próxima à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH), espaço de convivência frequente entre a comunidade e a universidade. Com a decisão, as famílias ganham um prazo de seis meses para negociar a permanência no local ou buscar alternativas habitacionais, enquanto a UFBA deve apresentar relatórios sobre as medidas adotadas e seu interesse no prosseguimento da ação.

Comunidade pede retratação da UFBA

Após a publicação da decisão favorável, Caroline comemorou o resultado, mas afirmou que a comunidade ainda aguarda uma retratação pública da UFBA por informações que, segundo ela, associaram injustamente os moradores à criminalidade: “No processo foram ditas mentiras absurdas sobre a comunidade. Divulgaram que São Lázaro seria um lugar perigoso, o que não é verdade. Aqui moram trabalhadores, pessoas que lutam todos os dias. Isso afetou a imagem da comunidade e causou sofrimento a todos nós”, disse.

De acordo com Caroline, a partir de agora a comissão formada por sete representantes da UFBA e sete da comunidade deverá se reunir periodicamente para construir um acordo que atenda aos dois lados: “Esperamos que, nesses 180 dias, a UFBA se retrate e que juntos possamos encontrar uma solução justa”, completou.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie:redacao@fbcomunicacao.com.br
*Os comentários podem levar até 1 minutos para serem exibidos

Faça seu comentário