Kassio Marques ganha maior honraria militar do Brasil das mãos de Bolsonaro
Horaria foi concedida em meio a julgamento sobre parcialidade de Moro na Lava-Jato

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No intervalo entre a decisão que anulou as condenações da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o julgamento que declarou a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro, o ministro Kassio Nunes Marques foi agraciado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o grau de Grande-Oficial da Ordem de Mérito Militar, a maior honraria militar do país.
O voto do ministro nesta terça-feira (23), contra o pedido de Lula para declarar Sérgio Moro parcial na ação do triplex do Guarujá irritou a ala "garantista" do Supremo Tribunal Federal (STF) e atendeu aos interesses do Palácio do Planalto. A promoção ao grau de Grande-Oficial da Ordem de Mérito Militar é concedida a militares e também a personalidades civis.
A concessão da honraria a Nunes Marques foi decretada por presidente há uma semana. Àquela altura, segundo interlocutores do magistrado, a expectativa era que o ministro do Supremo ainda fosse demorar bastante para liberar o voto-vista no julgamento que discutia a atuação de Moro ao condenar Lula a nove anos e seis meses de prisão na ação do triplex do Guarujá.
Segundo um interlocutor procurado pelo Estado de São Paulo (Estadão) e que conversou com o magistrado na semana passada, o ministro teria dito que ainda levaria alguns meses para devolver o caso para julgamento. Nunes Marques, no entanto, foi pressionado dentro da Corte para liberar o processo para análise, o que lhe incomodou.
O entendimento de Nunes Marques foi visto por integrantes dos três Poderes menos como pró-Moro e mais como anti-Lula, principal opositor político de Bolsonaro. Isso porque o voto pareceu ter sido feito sob medida para agradar o responsável pela indicação do magistrado ao Supremo (Bolsonaro) e tentar minar o caminho de Lula na corrida ao Palácio do Planalto.
Nunes Marques refutou os comentários de que estaria votando para agradar o presidente que o indicou. "Estou alinhado com posicionamentos que defendem direitos e garantias individuais. Não houve nenhum distanciamento da minha parte dos meus posicionamentos anteriores", declarou o ministro ao Estadão.