A Lei Áurea, que decretou a libertação dos escravos no Brasil, completa 134 anos nesta sexta-feira (13). No entanto, casos de trabalhos análogos à escravidão são perpetuados até hoje no país.

Um dos casos mais recentes de resgate nessas condições foi o de uma mulher que trabalhava como empregada doméstica na casa de uma família há mais de 72 anos no Rio de Janeiro. 

No dia 15 de março deste ano, foi iniciada a ação de fiscalização que resultou no resgate da mulher. Coordenado pela Auditoria Fiscal do Trabalho no Rio, a operação contou com a participação do Ministério Público do Trabalho e do programa Ação Integrada. De acordo com as autoridades, ela cuidou da casa e dos moradores todos os dias, sem receber salário, por 72 anos.

Agora, a vítima passa por acompanhamento em um abrigo público. O processo, no entanto, continua, já que ainda estão acontecendo as negociações para o pagamento dos salários e direitos atrasados.

De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Previdência, essa é a mais longa duração de exploração de uma pessoa em escravidão contemporânea desde 1995, quando foi criado o sistema de fiscalização para enfrentar esse crime. Nos últimos 27 anos, o poder público já realizou mais de 58 mil resgates.

Na Bahia, um caso similar ganhou repercussão nos últimos dias. Madalena Santiago Silva, hoje com 62 anos, trabalhou em condições análogas à escravidão na casa dos patrões, em Salvador, por 54 anos. Ela nunca recebeu salários e foi expulsa há um ano pela filha dos patrões.

Enquanto residia na casa dos patrões, Madalena sofreu maus tratos e acumulou dívidas de empréstimos feitos pelos patrões em seu nome. No dia 29 de abril, a Justiça determinou o bloqueio de bens no valor de R$ 1 milhão para garantia das verbas rescisórias e dos danos morais pagos a Madalena.