Levantamento aponta que Brasil deve colher sua primeira década de recessão
Cenário apontado pelo FMI é mais pessimista do que os analistas indicam

Foto: Reprodução/G1
Com a forte crise esperada para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano e o impacto da pandemia do coronavírus, o Brasil pode colher, pela primeira vez em sua história, a sua primeira década de recessão. Os números mais recentes do FMI (Fundo Monetário Internacional) indicam, por exemplo, que o PIB brasileiro deve recurar 9,1% neste ano.
Se a projeção se confirmar, o Brasil terá uma retração média anual de 0,3% entre 2011 e 2020, segundo cálculos de Marcel Balassiano, pesquisador do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). Será a primeira vez em que o país vai registrar uma recessão num período acumulado de uma década.
"Entre 2011 e 2013, o PIB teve uma taxa média de crescimento de 3%. Mas nesses últimos sete anos, o desempenho tem sido muito ruim", diz Balassiano. Na história econômica do país, a década de 1980 era considerada a perdida. Na época, o país conviveu com um ambiente internacional bastante hostil, diante da piora das condições financeiras.
Ao mesmo tempo, internamente, passou pelo período de redemocratização e aumento da inflação. Ainda assim, a taxa média do PIB foi de 1,6% ao ano entre 1981 e 1990. Os dados do FMI são mais pessimistas que os de boa parte dos analistas.
Na pesquisa Focus, do Banco Central, os economistas estimam que o PIB deste ano deve recuar 6,5%. Mesmo se essa projeção se concretizar, a economia brasileira terá recuado 0,1% na década atual. "Com a dívida bruta chegando em 94% do PIB no final ano, teremos que fazer um grande esforço de equilíbrio para os próximos anos", afirma o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.
Caso o Brasil não resolva a questão fiscal, pode haver uma piora da percepção de risco, o que ajuda a afugentar investidores, dificultando ainda mais o crescimento da economia. Até maio, investidores tiraram mais de US$ 50 bilhões do país, de acordo com dados do Banco Central.