Levantamento aponta que fundo partidário paga empresas de dirigentes e salários de parentes

Foram gastos R$ 937 milhões em 2019

[Levantamento aponta que fundo partidário paga empresas de dirigentes e salários de parentes]

FOTO: Agência Brasil

Uma análise feita a partir das prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral aponta que no ano passado vários partidos continuaram com a prática de utilizar a verba pública para pagar empresas ligadas a eles, amigos, parentes e políticos que não possuem mandatos. As informações são do jornal Folha de São Paulo.

No total, R$ 937 milhões foram gastos em 2019, sendo a maior parte dinheiro público, em torno de 90% do total foi distribuída às legendas na proporção do desempenho que elas tiveram nas últimas eleições federais. 

Responsável por uma das maiores cotas, o PSL tem na sua lista de pagamentos funcionárias indiciadas pela Polícia Federal sob suspeita de terem sido candidatas laranja nas eleições de 2018, citados na investigação das "rachadinhas" da Assembleia do Rio de Janeiro. A legenda também pagou mais de R$ 11 mil mensais à mulher do deputado Nereu Crispim (RS), Carolina Lomba. 

O PT, partido que mais recebe dinheiro do fundo pelo fato de ter obtido o maior número de votos nas eleições para a Câmara em 2018, pagou à Urissanê Comunicação R$ 5,5 milhões em 2019. A empresa é de Otavio Augusto Antunes da Silva, que disputou eleições pelo partido em 2000 e 2004 e foi assessor parlamentar da sigla na Assembleia Legislativa de São Paulo de 2005 a 2016.

Já o PTB de Roberto Jefferson, um dos mais entusiastas apoiadores de Bolsonaro atualmente, destinou no ano passado cerca de R$ 300 mil ao dirigente, a título de prestação de serviços técnicos e profissionais.

No partido Podemos, o filho do deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) ganha R$ 11 mil mensais da legenda. Bacelar é aliado do partido no estado. Familiares de dirigentes da sigla também estão na folha de pagamento.

O PSC tem a mulher do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, uma mãe de deputado e alguns pastores na folha de pagamento. Alvo da Polícia Federal, a primeira-dama do Rio, Helena Witzel, recebeu desde janeiro de 2019 mais de R$ 350 mil brutos do PSC, por fazer parte da equipe jurídica.

Fundo partidário

É distribuído anualmente aos partidos que cumpriram as regras da chamada cláusula de barreira (desempenho mínimo nas eleições). Em 2020, 23 das 33 legendas estão aptas a recebê-lo. É dividido na proporção dos votos que as legendas obtiveram nas últimas eleições para a Câmara dos Deputados. O valor a ser rateado em 2020 é de R$ 959 milhões

Fundo eleitoral

Criado em 2017, destina dinheiro a todos os partidos, de dois em dois anos, para uso na campanha eleitoral daquele ano. É divido com base na combinação de vários critérios, mas também privilegia legendas com melhor desempenho nas últimas eleições. O valor a ser rateado em 2020 é de R$ 2,035 bilhões. 


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