Michel Telles
Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa estão entre as principais patologias que acometem mais de 5 milhões de pessoas no mundo e no Brasil
FOTO: Divulgação Assessoria
Durante o mês de maio, uma atenção especial é dada a várias doenças crônicas e debilitantes, com destaque para as patologias inflamatórias intestinais de caráter imunomediado - onde o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente o revestimento do trato gastrointestinal, como na doença de Crohn e na Retocolite Ulcerativa. Sob a bandeira do ‘Maio Roxo’, a campanha busca educar a sociedade sobre essas doenças, que muitas vezes são invisíveis, bem como, promover a conscientização na população e o apoio para aqueles que vivem com esses distúrbios.
Normalmente, o sistema imunológico age para proteger o corpo contra agentes invasores, como bactérias e vírus. Porém, em indivíduos com DII, esse mecanismo de defesa se torna hiperativo e desregulado, desencadeando uma resposta inflamatória crônica e causando danos ao tecido intestinal. De acordo com a gastroenterologista da Clínica IBIS, Dra. Júlia Cabral, essas doenças, apesar de cada vez mais prevalentes, ainda são desconhecidas pela maioria da população. “É comum que os pacientes demorem meses a anos sofrendo com os sintomas até que chegue em um médico especializado, que consiga diagnosticá-las e iniciar o tratamento adequado”, afirma a especialista, reforçando ainda que, adolescentes e adultos jovens estão entre os públicos mais acometidos pelas doenças inflamatórias intestinais.
A médica também chama a atenção para os sinais e sintomas mais comuns das DIIs que devem gerar um alerta na população. “A diarreia persistente ou recorrente, que geralmente vem durante a noite, presença de muco ou sangue nas fezes, dor abdominal, perda de peso e febre, pode ter impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes”, afirma Dra. Júlia. A inflamação ocasionada no trato gastrointestinal, quando não identificada e cuidada, pode evoluir para complicações graves, com surgimento de feridas na região anal, obstrução do intestino e necessidade de cirurgia.
Diferenças entre Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa
Ambas doenças afetam o trato gastrointestinal, mas possuem diferenças em termos de localização no sistema digestivo e no tratamento. Na doença de Crohn, a inflamação pode acometer qualquer lugar do trato digestivo, desde a boca até o ânus, sendo mais frequente a agressão no intestino delgado, com feridas mais profundas em todas camadas dos órgãos, e por isso causam estenoses e fístulas, o que já não acontece na retocolite, que afeta apenas o intestino grosso.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico dessas patologias é bem complexo, isso porque, apesar dos sintomas serem bem comuns, eles também estão presentes em uma gama de outras doenças e não existe um exame específico que seja definitivo para o diagnóstico. “No entanto, exames auxiliares como de sangue, fezes, colonoscopia, endoscopia e, algumas vezes, tomografia ou ressonância, podem ajudar o médico gastroenterologista especializado em doenças intestinais a juntar as peças desse quebra-cabeça, interpretando o resultado de cada exame dentro do contexto clínico do paciente e chegar a uma conclusão”, relata a profissional.
O tratamento das DIIs, por meio de medicações imunossupressoras e imunobiológicas, visam conter a reação inflamatória exacerbada no trato gastrointestinal, bloqueando a resposta imune do organismo. Segundo a especialista, hoje já existem várias opções terapêuticas para utilizar nos pacientes e com o avanço das tecnologias em saúde, essas alternativas estão cada vez mais seguras e com menos efeitos adversos. “Quanto antes o tratamento for iniciado, menor a chance de apresentar complicações da doença e mais rápido devolvemos a qualidade de vida para as pessoas. É por isso que estamos voltando todo o nosso esforço neste mês para estimular o diagnóstico precoce”, finaliza.
Dra. Júlia Cabral é gastroenterologista na clínica IBIS – Salvador, pertencente ao Grupo CITA (Centros Integrados de Terapia Assistida), referência em tratamentos de doenças autoimunes no Brasil.
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