Mais de R$ 140 milhões foram doados por pessoas físicas durante campanha eleitoral

Especialista diz que pulverização de doações é importante para aumento de independência do financiamento eleitoral

Por Da Redação
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Mais de R$ 140 milhões foram doados por pessoas físicas durante campanha eleitoral

Foto: Reprodução

As doações de pessoas físicas já ultrapassam os R$ 140 milhões no início desta quarta semana de campanha, segundo levantamento feito pelo G1 com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Por enquanto, mais de 40 mil pessoas já doaram dinheiro para candidatos ou mesmo para diretórios de partidos. A principal receita das candidaturas, porém, ainda é proveniente dos partidos políticos (o montante chega a R$ 327,3 milhões). 

O levantamento mostra que 42.215 pessoas optaram por transferir o dinheiro diretamente para os candidatos. A soma dessas doações é de R$ 130 milhões. Já outras 2.359 pessoas doaram R$ 11,6 milhões para os órgãos partidários, que dão destino ao dinheiro. Os dados mostram ainda que 206 pessoas doaram tanto para candidatos quanto para diretórios.

O cientista político Bruno Fernando da Silva diz que, historicamente, as doações de pessoas físicas no Brasil correspondem a um percentual pequeno do total arrecadado pelos candidatos. O doutorando em ciência política na UFMG acrescenta ainda que a desconfiança nas instituições políticas e a baixa identificação com os partidos colaboram para que o eleitor não se sinta motivado a doar.

“Isso ocorre por diversos motivos. Do lado dos partidos e candidatos, há pouco empenho em criar campanhas e fazer eventos para arrecadação de fundos. Esses atores preferem buscar recursos com poucos (mas volumosos) financiadores. No passado, esses doadores eram as empresas, que investiam dinheiro suficiente para que não fosse necessário recorrer aos cidadãos. Hoje são os partidos (que têm no Estado sua grande fonte de receitas). Com isso, nunca se criou uma cultura de financiamento cidadão no país”, afirma.

Apesar disso, ele aponta que a doação não tira necessariamente a independência de um candidato, já que o doador tende a buscar candidatos com visões semelhantes à dele. “A atuação de um político em prol de uma causa não pode ser vinculada imediata e exclusivamente ao recebimento de recursos para campanha.”

“É preciso criar incentivos para que os cidadãos contribuam com candidatos ou partidos de sua preferência. O risco que corremos ao deixarmos a sociedade de lado no financiamento de campanhas é de que a classe política se afaste ainda mais da população para se aproximar das elites partidárias e do Estado, que são seus principais doadores.” 

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