Coronavírus
O ex-ministro da Saúde foi ouvido na CPI da Pandemia
FOTO: Divulgação | Agência Senado
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, depôs nesta terça (4), na CPI da Pandemia e revelou que era "muito constrangedor" ter que ficar explicando que, enquanto a pasta tomava decisões por causa da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro seguia por outro caminho, como o descumprimento das medidas sanitárias.
Ele também revelou que Bolsonaro tinha um assessoramento paralelo por parte dos filhos do presidente e de assessores fora da pasta e citou, inclusive, a participação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) em uma das reuniões para tratar sobre a pandemia.
Mandetta citou também que Bolsonaro parecia concordar com as decisões do Ministério, no entanto, dias depois mudava de atitudes e descumpria os cuidados.
"Cada vez que se conversava com o presidente, ele compreendia. A gente falava: 'Olha, não pode aglomerar; não vamos aglomerar; vamos usar máscara; usa o álcool gel'. Então, a gente saía de lá, sim, animado, porque era um corpo total que falava: 'ok.'. E ele compreendia, ele falava que ia ajudar. Só que passavam dois, três dias e ele voltava para aquela situação de aglomerar, de fazer as coisas", disse o ex-ministro da Saúde.
Para Mandetta, a gestão de Bolsonaro adotou medidas "depois do leite derramado".
Durante o depoimento, o ex-ministro disse que tentou uma proximidade com o governo chinês para a colaboração com envio de insumos para o país e até cogitou uma reunião com o embaixador da China na sede do Executivo Federal. No entanto, o pedido acabou sendo pelo telefone por possível influência dos filhos do presidente Bolsonaro e outros assessores. Ele também declarou que houve demora na comunicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da China sobre a pandemia.
"Acho que a falta de clareza da China e da Organização Mundial da Saúde, durante 45 dias, foi determinante não só para o Brasil, mas para o mundo. Depois, a falta de condições internacionais, a falta de liderança. O mundo claramente não tem governança mundial para um problema como esse", pontuou o ex-ministro.
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