Mesmo com vacinação acelerada, dependência do Chile pela Coronavac não consegue evitar aumento de contágios

Campanha de imunização de adultos segue abaixo do esperado, segundo autoridades

[Mesmo com vacinação acelerada, dependência do Chile pela Coronavac não consegue evitar aumento de contágios]

FOTO: Reprodução/Panrotas

O Chile, país onde a campanha de imunização é a mais veloz da América Latina com 59,2% da população foi imunizada com pelo menos uma dose de vacina contra a Covid-19, vê hoje uma média de quase 7,3 mil casos diários, 38% a mais que há um mês. Especialistas apontam que o aumento da circulação, as novas variantes e o cansaço da população com os 15 meses de restrições estão entre os fatores para o atual cenário. 

Contudo, uma outra motivação que também é apontada para a construção da situação atual se deve ao portfólio de vacinas adotado pelo governo chileno e, em particular, à sua dependência do imunizante da SinoVac, conhecido no Brasil como CoronaVac. Quase 80% das 19,6 milhões de doses já aplicadas são da fabricante chinesa, que embora seja bastante eficiente para evitar casos graves, não impede com eficiência a transmissão. 

Segundo um estudo feito pelo governo do Chile, as duas doses conseguem impedir internações e mortes em, respectivamente, 85% e 80% dos casos. Sua capacidade de conter o contágio, no entanto, ficaria na casa dos 67%. Outras pesquisas apontam que a taxa poderia ser ainda menor.

Em seu aval para o uso emergencial da CoronaVac, concedido no mês passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a vacina preveniu casos sintomáticos em 51% dos adultos inoculados. Isso se reflete no resultado da vacinação chilena como um todo.

De acordo com um levantamento feito pela Universidade do Chile em abril, a campanha tem uma efetividade de 56,5% na prevenção do contágio entre quem recebeu as duas doses (atualmente, cerca de 45% da população do país). Entre aqueles que tomaram apenas uma injeção, a taxa cai para apenas 3%.

"Nós reduzimos a probabilidade de contágio e protegemos as pessoas, porém ainda não em um nível suficiente para poder chegar à imunidade de rebanho ou conter a transmissão.", disse María Soledad Martínez, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade do Chile, em declaração ao jornal O Globo.

Hoje, a campanha de imunização no país está aberta para todos com mais de 22 anos, mas a participação está abaixo do esperado entre os adultos: de acordo com as autoridades, cerca de 900 mil pessoas entre 23 e 49 anos ainda não foram se vacinar, mesma faixa etária na qual se concentram os novos casos.

"É preciso buscar os pacientes que ficaram para trás, que não tomaram as vacinas porque decidiram não fazê-lo ou porque, por exemplo, não conseguiram sair do trabalho.", disse Claudia Cortés, infectologista da Universidade do Chile, reforçando que são necessárias maiores flexibilidades por parte dos empregadores para que seus funcionários consigam sair para se vacinar.


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