México busca liderança no debate latino-americano ao propor mudança na OEA
Presidente Andrés Manuel López defende que “a melhor política externa é a interna”

Foto: Getty Images
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse que busca liderança no debate latino-americano ao propor a substituição da Organização dos Estados Americanos (OEA).
“A proposta é nada menos do que construir algo semelhante à União Europeia, mas apegado à nossa história, à nossa realidade e às nossas identidades. Nesse espírito, não se deve descartar a substituição da OEA por um organismo verdadeiramente autônomo, não lacaio de ninguém”, disse o presidente em 24 de julho.
A data da declaração coincidiu com a reunião de chanceleres da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Na ocasião, o presidente mexicano voltou a defender que “a melhor política externa é a interna”.
“Sustento que já é hora de uma nova convivência entre todos os países da América, porque o modelo imposto há mais de dois séculos está esgotado, não tem futuro nem saída, já não beneficia mais ninguém. É preciso resolver o dilema de nos integrarmos aos Estados Unidos ou nos opormos de forma defensiva”, disse.
O presidente salientou que interessa ao México que os EUA sejam fortes, mas ao mesmo tempo insistiu na necessidade de rever os termos para que a relação com o continente funcione melhor. Substituir a OEA parece fácil, mas dois especialistas consultados pelo jornal O Globo apontam que desmontar essa estrutura institucional não seria tão viável.
“Internamente, López Obrador se caracteriza por decapitar organismos que, na sua visão, são irrelevantes, corruptos ou disfuncionais. Mas a OEA não é só um enfeite”, diz a especialista em relações internacionais Natalia Saltalamacchia.