Ministério Público investiga ligação entre o Corinthians e o PCC; jogadores teriam utilizado imóvel de liderança da facção
O presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians declarou ao MP que "o crime organizado se infiltrou" no clube

Foto: José Edgar de Matos
O Ministério Público de São Paulo investiga possíveis conexões entre o Corinthians e a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
A suspeita é de que os jogadores Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno tenham se hospedado em um imóvel que pertence a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão, apontado como figura de peso no crime organizado.
Na última sexta-feira (12), o promotor responsável pelo caso, Cássio Roberto Conserino, pediu explicações aos jogadores. Eles serão convocados na condição de testemunhas.
O MP busca saber se o trio realmente morou em apartamento que pertence a Alemão e se o Corinthians participou da intermediação da locação.
A apuração ganhou força após um depoimento prestado por Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do Corinthians, ao MP no dia 14 de agosto. Segundo Romeu, "o crime organizado se infiltrou" no clube e, por conta disso, estava sofrendo ameaças por sua atuação.
Esta não é a primeira vez que o Corinthians é associado ao PCC. Segundo a Polícia Civil e o MP, dinheiro do contrato com a ex-patrocinadora VaideBet foi direcionado a empresas ligadas à facção.
Outro a apontar conexões entre o clube e o crime organizado foi o ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, no ano passado. Também em 2024, o Corinthians foi citado em investigação que mostrou que Rafael Maeda Pires, o Japa do PCC, intermediou negociações dos atletas Du Queiroz e Igor Formiga.
O Corinthians informou ter iniciado a entrega dos documentos solicitados pelo Ministério Público, referentes ao período de 2018 a 2025.
Inicialmente, o clube apresentou à Justiça somente as faturas dos cartões de crédito corporativos, já que o uso é investigado pelo MP.
O Procedimento Investigatório Criminal (PIC), aberto pelo MP em 30 de julho, apura se houve o cometimento dos crimes de apropriação indébita, estelionato, furto qualificado, falsidade ideológica e associação criminosa no Corinthians.
A princípio, a investigação tinha sido aberta para apurar a suposta utilização indevida de cartões de crédito nas gestões de Andres e Duilio.
O MP pediu o afastamento dos últimos três presidentes corintianos à Justiça em 21 de agosto, ainda antes da eleição indireta que confiou a Stabile o mandato-tampão à frente da presidência até o fim de 2026.
Após interrogar o presidente do Corinthians, Osmar Stabile, e outros dirigentes do clube, o promotor Cássio Conserino agora quer ouvir o vice Armando Mendonça, e agendou depoimento para a próxima segunda-feira (22).