Míssil de Israel atinge crianças palestinas que buscavam água em Gaza
Bombardeios em Gaza atingem civis e elevam pressão por cessar-fogo; negociações seguem sem avanço

Foto: Reprodução Folha de S. Paulo
Pelo menos 43 palestinos morreram neste domingo (13) em novos ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, informou a Defesa Civil do território palestino, órgão controlado pelo Hamas. Em um deles, um míssil de Israel atingiu um ponto de distribuição de água potável em uma área perto do campo de refugiados de Nuseirat e matou 20 pessoas, incluindo pelo menos dez crianças, de acordo com as autoridades locais.
Os militares israelenses disseram que o míssil pretendia atingir um terrorista da Jihad Islâmica na área, mas que uma falha técnica fez com que ele caísse "a dezenas de metros do alvo". As Forças Armadas de Israel lamentaram em comunicado "qualquer dano a civis não envolvidos", acrescentando que o incidente estava sob revisão.
O porta-voz dos serviços de emergência de Gaza, Mahmoud Basal, afirmou que 10 pessoas, incluindo mulheres e crianças, também morreram em ataques a um mercado na Cidade de Gaza, enquanto um bombardeio no campo de deslocados de Al Mawasi, no sul, deixou três mortos.
A falta de água em Gaza piorou consideravelmente nas últimas semanas, com a escassez de combustível que afetou equipamentos de dessalinização e de saneamento. Isto tornou as pessoas dependentes de centros onde podem encher os seus recipientes de plástico.
No sábado (12), sete agências da ONU alertaram em um comunicado conjunto que a escassez de combustível em Gaza atingiu "níveis críticos" e pode representar "um novo fardo insuportável para uma população à beira da inanição".
Nesse contexto, um novo navio de ajuda humanitária partiu da Sicília, na Itália, para Gaza neste domingo, com ativistas pró-Palestina a bordo, em busca de "quebrar o bloqueio israelense" e ajudar a população sitiada.
A última iniciativa desse tipo, a chamada Flotilha da Liberdade, acabou interceptada por Tel Aviv em alto-mar e seus membros, que incluíam a ativista sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, foram detidos, levados a Israel e deportados.
O Ministério da Saúde de Gaza disse no domingo que mais de 58 mil pessoas foram mortas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em outubro de 2023, com 139 pessoas acrescentadas ao número de mortos nas últimas 24 horas.
O ministério não faz distinção entre civis e combatentes no seu cálculo, mas afirma que mais de metade dos mortos são mulheres e crianças, uma proporção reforçada por estudos independentes.
Enquanto isso, as negociações indiretas entre Israel e o Hamas chegam a uma semana sem um acordo de trégua.
As conversas destinadas a garantir um cessar-fogo pareciam estar num impasse, com os dois lados divididos sobre a extensão de uma eventual retirada israelense do território palestino, disseram fontes dos dois lados no fim de semana à agência de notícias Reuters.
As negociações indiretas sobre uma proposta dos EUA para um cessar-fogo de 60 dias estão sendo realizadas em Doha, no Qatar. Mas o otimismo que surgiu na semana passada sobre um acordo iminente desapareceu, com ambos os lados acusando-se mutuamente de intransigência.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em um vídeo que postou no Telegram no domingo, disse que Israel não desistiria de suas principais demandas libertar todos os reféns que ainda estão em Gaza, destruir o Hamas e garantir que Gaza nunca mais será uma ameaça para Israel.
Esperava-se que Netanyahu reunisse os ministros ainda neste domingo para discutir as negociações de cessar-fogo.
O enviado do presidente dos EUA, Donald Trump, para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse neste domingo que estava esperançoso com as negociações de cessar-fogo em Gaza.
Witkoff disse a repórteres em Teterboro, Nova Jersey, que planejava se encontrar com altos dirigentes do Qatar nos bastidores da final da Copa do Mundo de Clubes da FIFA, que acontece nos EUA.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando terrorista liderados pelo Hamas invadiram Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns para Gaza. Acredita-se que pelo menos 20 dos 50 reféns restantes ainda estejam vivos.
A campanha de Israel contra o Hamas deslocou quase toda a população de mais de 2 milhões de pessoas, mas os habitantes de Gaza dizem que nenhum lugar é seguro no território palestino.