Montadoras deixarão de fabricar mais de 240 mil veículos no Brasil em 2021
Queda é influenciada pela crise dos semicondutores, aponta Anfavea
Uma análise realizada pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), divulgada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) na quarta-feira (8), aponta que o Brasil deixará de produzir este ano entre 240 mil e 280 mil veículos devido à crise dos semicondutores. Na indústria automotiva global, o setor deixará de produzir cerca de 9 milhões de unidades.
“A consultoria refez as projeções e avaliou que haverá uma perda maior do que o estimado anteriormente. A estimativa anterior indicava que entre 5 milhões e 7 milhões de veículos deixariam de ser produzidos no mundo. Agora, esse número está entre 7 milhões e 9 milhões”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
No Brasil, a produção de carros de passeio registrou o pior nível para um mês de agosto em 18 anos por conta da falta de peças. No período, foram fabricadas 119 mil unidades. Além disso, no mês passado, foram vendidos 172,8 mil veículos, número mais baixo para um mês de agosto em 16 anos. Na comparação com julho, a queda das vendas foi de 1,5%. Desde o início do ano, o total vendido chega a 1,42 milhão de veículos, 21,9% a mais do que nos oito primeiros meses de 2020, período em que as vendas foram impactadas pela pandemia.
Com a pandemia houve um descompasso entre a produção de semicondutores e a retomada da demanda na indústria automotiva. Uma boa parte da produção dos chips foi desviada para a indústria de games, computadores e celulares enquanto as linhas de produção das montadoras estavam paradas. Quando houve a reabertura, faltaram peças.
A estimativa da BCG é que o problema de fornecimento dos semicondutores só se normalize no segundo semestre de 2022. No Brasil, outra preocupação do setor é a alta da inflação. Com o aumento dos juros promovido pelo Banco Central para frear o aumento dos preços, o CDC (crédito Direto ao Consumidor) linha de financiamento de veículos tende a subir. A taxa média do CDC está em 22% ao ano e a estimativa é que suba para 26%.
