Mourão nega ter recebido informações do Inpe sobre desmatamento da Amazônia antes da COP26
Documento, no entanto, está datado no dia 27 de outubro, antes da conferência

Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Depois de ter afirmado que o governo ainda avaliava os dados sobre "a realidade" da Amazônia, um dia depois do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informar o maior índice de desmatamento dos últimos 15 anos na Amazônia Legal, o vice-presidente Hamilton Mourão negou ter visto os dados antes da Cúpula do Clima da ONU, a COP-26. De acordo com o general, ele ficou ciente dos números somente na manhã dessa quinta-feira (18).
"Sem desfazer dos números, que obviamente não são bons, a gente tem que olhar o tamanho da Amazônia, né? Vamos ver que a Amazônia Legal tem 5 milhões de quilômetros quadrados. Então, se nós tivemos 13 mil quilômetros de desmatamento, isso dá 0,23% da Amazônia que teria sido desmatada", afirmou o vice-presidente nesta sexta-feira (19).
À imprensa, Mourão ainda declarou que em seu pronunciamento trabalhou com os números do Deter, um outro sistema de medição. "A nossa projeção era que o desmatamento ficasse 5% abaixo do ano anterior, né? O Inpe fez uma revisão do ano anterior. Se vocês olharem, diminuiu. E esse aumentou. Então, não sei se ano que vem pode dar uma reduzida nesse, também. Nós estamos analisando isso aí ainda pra ver qual é a realidade".
O Inpe divulgou que, entre agosto de 2020 e julho de 2021, foram desmatados 13.235 quilômetros quadrados da Amazônia Legal, o maior volume em uma década e meia e 21,97% maior que o registro no mesmo intervalo de 12 meses anterior.
No entanto, o documento está com a data de 27 de outubro, o que levanta a suspeita de que o governo omitiu dados sobre o desmatamento por 22 dias.


