O Carvalho revelou, ontem, que três senadores da Bahia utilizaram decente tempo da sessão em plenário para fazer lives, selfies e vídeos referentes à movimentação da Casa nos momentos que antecederam a aprovação da MP 871, contra as fraudes no INSS. O próprio conteúdo postado nas contas em redes sociais dos respectivos parlamentares escancara este tempo gasto com a cara na tecnologia do que voltada à organicidade do importante debate a respeito de uma medida provisória, que deve gerar uma economia de quase R$ 10 milhões em um ano.
E o afinco ao talento de influenciador político é apenas uma das mazelas do trabalho de deputados e senadores em Brasília, cujo mandato é muito bem remunerado para ser cumprido in loco ao menos em 200 dias ao ano, no entanto, a maioria destes parlamentares legisla, mesmo, só por três dias da semana. Isso também não é achismo ou polêmica em demasia, afinal, basta acompanhar o trabalho parlamentar por meio das TVs Câmara e Senado ou qualquer noticiário de política, as lacunas são enormes.
É uma dinâmica viciada, com mais falatório do que engajamento na pauta Brasil. Num país polarizado, as obstruções ganharam campo e defender interesses ideológicos ou pessoais fica à frente do verdadeiro papel de um parlamentar, o de propor, discutir e aprovar leis. É pensar no futuro, jamais segurar o presente em nome do passado.
Impossível mensurar um Congresso altivo e eficiente com tantas brechas nas agendas dos políticos seja em forma de ausências em sessões, ou desatenção ao que se tenta construir ou costurar durante o horário de trabalho na Câmara ou Senado. Não há bom legislador com tantas leis pendentes à votação, com tantos poréns e conflitos no que diz respeito a analisar Medidas Provisórias do Executivo.
Sem resultados palpáveis à população, é justo que a imagem de que temos políticos com mentalidade arcaica e desajustada ao ofício que exercer. É preciso mais do que lives pelo celular com o plenário ao fundo para, de fato, legitimar o trabalho parlamentar.
