Mulheres negras são as mais afetadas por câncer de colo de útero

Estudo ressalta a importância da educação e vacinação contra o HPV

Por Da Redação
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Mulheres negras são as mais afetadas por câncer de colo de útero

Foto: Pexels

O câncer não faz distinção de classe social ou etnia, atingindo pessoas de todos os segmentos da sociedade. No entanto, estudos apontam que certos tipos de câncer têm uma incidência mais acentuada em determinados grupos.

É o caso do câncer de colo de útero. Segundo uma pesquisa brasileira publicada na revista científica Ethnic Health Disparities em janeiro de 2023, mulheres negras são as mais afetadas por esse tipo de tumor, enquanto as indígenas representam a maioria das mortes decorrentes da doença. O estudo evidencia que mulheres negras enfrentam um risco 44% maior de desenvolver câncer de colo de útero. Quando se trata do risco de óbito, a probabilidade é 27% maior em mulheres negras e 82% em indígenas.

A Dra. Andreia Melo, oncologista do Grupo Oncoclínicas e diretora de pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), explica que, devido a fatores sociais e educacionais, esses grupos procuram menos assistência médica antes que o câncer atinja estágios avançados, sendo diagnosticados em fases mais críticas. “Através do rastreio do câncer de colo de útero na rede pública, utilizando o papanicolau, podemos identificar lesões pré-invasoras de baixo e alto grau. Essas alterações ainda não são câncer. Com exames regulares, acesso aos serviços de saúde e tratamento, a probabilidade de evitar o desenvolvimento da neoplasia é alta”, destaca a especialista.

Andreia ressalta que os fatores sociais desempenham um papel significativo no câncer de colo de útero. Além do acesso à saúde, mulheres com menor escolaridade têm menos informações sobre a prevenção da doença, frequentemente causada pelo vírus HPV, e sobre a importância da vacinação. “A mulher negra tem menos oportunidades educacionais ao longo da vida. Muitas desconhecem a importância do exame preventivo e só buscam assistência médica quando apresentam sintomas. A maioria das pacientes é diagnosticada em estágios avançados da doença, quando o tratamento não envolve apenas cirurgia. Torna-se necessário quimioterapia, radioterapia e braquiterapia, e o acesso a esses tratamentos não é tão direto quanto gostaríamos”, explica a médica.

A principal forma de prevenir o câncer de colo de útero é a vacinação contra o HPV, disponibilizada na rede pública para adolescentes. Apesar da eficácia da imunização e de sua capacidade de evitar uma doença potencialmente fatal, ainda há resistência devido à falta de informações. Algumas pessoas receiam que, ao proteger contra um vírus transmitido principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas, a vacina possa "encorajar" o início precoce da atividade sexual.

“O imunizante está disponível em vários países, e eles já registraram queda na incidência de lesões pré-invasoras e invasoras sem nenhum impacto no início da atividade sexual”, afirma Andreia. A vacina é segura e apresenta poucos efeitos colaterais, geralmente limitados ao desconforto no local da vacinação.

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