"Não se justifica esta agressão à Universidade", declara UFBA em nota após declarações de Neto

Prefeitura queria usar o espaço para tratar pacientes com Covid-19

[

FOTO: Divulgação/ Secom

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) emitiu uma nota em resposta às declarações feitas pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, sobre a dificuldade para ampliar a rede atendimento à Covid-19 na capital baiana.

A Prefeitura tentava uma parceria para que pacientes com o novo coronavírus fossem atendidos no Hospital Salvador, onde funciona uma unidade da maternidade Climério de Oliveira, gerida pela UFBA. O comunicado afirma que não vê justificativa para uma agressão à instituição e ressaltou que não é aceitável a possibilidade de atendes paciente com a Covid-19 em um espaço com mães e bebês recém-nascidos.

Leia também>> Inadmissivel o que o reitor da UFBA está fazendo, diz ACM Neto

Confira a nota na íntegra:

A Universidade Federal da Bahia foi surpreendida pelas declarações do Prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto, que tenta, a qualquer custo, instalar, no Hospital Salvador, leitos para tratamento da Covid-19 no mesmo espaço onde está funcionando, temporariamente, a UTI Neonatal da Maternidade Climério de Oliveira (MCO) - utilizando-se, para isso, não apenas da judicialização da questão, como também do ataque público à instituição, na pessoa do Reitor João Carlos Salles.

Não se justifica esta agressão à Universidade, que, desde o começo da pandemia, tem atuado firmemente na defesa da vida e da saúde da população, ombreando com a sociedade baiana e suas lideranças na luta contra a pandemia. Sempre aberta ao diálogo, a Universidade realizou reuniões com a Prefeitura para tentar chegar a uma saída razoável, que dispensasse a judicialização do problema, mas não houve acordo. Inaceitável e lamentável, portanto, é pretender tratar pacientes vítimas de Covid-19 no mesmo espaço que abriga gestantes, mães e bebês recém-nascidos, que ficariam perigosamente expostos à contaminação pelo coronavírus.

A Maternidade Climério de Oliveira (MCO) — unidade docente-assistencial de obstetrícia, neonatologia e saúde perinatal da Universidade Federal da Bahia, administrada pela estatal federal que administra hospitais universitários, a Ebserh — aluga cinco dos oito andares do Hospital Salvador desde setembro de 2017, quando iniciou a reforma de suas instalações no bairro de Nazaré. A previsão é de que a obra seja finalizada no mês de agosto deste ano.

Ocorre que o Hospital Salvador, a pedido da Prefeitura Municipal de Salvador, disponibilizou dois andares à instalação de enfermarias e leitos de UTI voltados para o atendimento a pacientes acometidos de infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). A medida é de todo imprópria e perigosa para a saúde de gestantes, puérperas, recém-nascidos da MCO e corpo técnico da maternidade, já que, de acordo com pareceres técnicos solicitados pela MCO e pela Ebserh, o hospital não oferece nenhuma condição de isolamento entre as alas, obrigando o compartilhamento de espaços comuns nas instalações da unidade. Mais grave ainda: as próprias UTIs – Neonatal e de Covid – ficariam no mesmo andar, separadas apenas por uma precária divisória removível, contrariando todas as normas que regem instalações hospitalares.

A MCO ocupa um total de 52 leitos no Hospital Salvador, sendo 11 leitos de Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) e Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (UCINCo) e 6 leitos Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa), que atendem exclusivamente bebês; 23 leitos de alojamento conjunto, que atende mulheres e bebês; 4 leitos de isolamento; e 8 leitos de pré-parto. A média mensal de procedimentos obstétricos é de 149, além de cerca de 100 partos, e a rotatividade de pacientes é intensa, já que cada internação dura, em média, de 2 a 3 dias.

Foi considerando tais fatos, constatados inclusive em parecer favorável emitido pelo Ministério Público Federal, favorável à UFBA, que, na quarta-feira, 1º de julho, o Tribunal Regional Federal da 1ª região determinou a suspensão da instalação dos leitos Covid-19 no Hospital Salvador. A decisão foi tomada após recurso – agravo de instrumento – interposto pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

A UFBA entende que não se trocam vidas por vidas e jamais fará política com a pandemia. A resposta do poder pelo simples poder não pode prevalecer e não prevalecerá.


Comentários

Relacionadas

Veja Também

[Com mais de 500 anos de tradição, saiba por que o Brasil possui uma história única no cultivo de vinhos! ]

Sommelière explica a importância da história dos vinhos de mesa para a cultura nacional, e indica rótulos para celebrar os vinhos brasileiros

Fique Informado!!

Deixe seu email para receber as últimas notícia do dia!