Ninguém pode ter certeza se vai ganhar ou perder uma eleição, diz Fachin
Ministro do STF também falou sobre o voto eletrônico

Foto: Reprodução/ Agência Brasil
Em entrevista à coluna Carolina Brígido, do UOL, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou estar preocupado com o ressurgimento do populismo no Brasil. Ele considera "lamentável" a participação do presidente Jair Bolsonaro em manifestações.
"O chefe do Poder Executivo opera no campo da política. No mínimo, é lamentável que o chefe de um Poder, por ação ou por omissão, possa aquiescer com proclamações que são inconstitucionais. É, no mínimo, lamentável", contou.
Para Fachin, as falas de Bolsonaro de que não aceitará qualquer resultado nas urnas que não seja sua vitória são um atentado contra o sistema eleitoral. "Uma das definições importantes da democracia é a normalização da incerteza. Significa obedecer as regras do jogo. Ninguém pode ter certeza se vai ganhar ou perder uma eleição. Se alguém quiser certeza prévia, isso significa atentar contra as regras do jogo democrático. Precisamos preservar o sistema eleitoral. Afirmações segundo as quais, por antecipação, há negativa de aceitar resultado adverso atentam contra o sistema eleitoral", pontuou.
"O voto eletrônico não decorre de uma veleidade tecnológica, nem foi desenvolvido a esmo. Pelo contrário, surge para suprir uma necessidade histórica, isto é, para dar fim a uma série de fraudes concretas que debilitavam diversos aspectos dos pleitos, da votação à totalização", disse ao completar.
Durante a entrevista, Fachin também respondeu sobre a Lava Jato. Para ele, a operação é reconhecida "muito mais pelos seus méritos e ganhos institucionais [...] "do que pelos eventuais erros e excessos".
"As falhas, sempre que verificadas, devem ser corrigidas, percorrendo o caminho da legalidade, da ampla defesa e do contraditório, como aliás tem sido feito pelo STF sobre os temas relacionados às investigações penais. O desafio atual é evitar que o retrocesso pontual na política de combate à corrupção se transforme em retrocesso institucional", concluiu.