Nutricionista explica a relação entre a microbiota intestinal e a saúde óssea!
Aos detalhes...

Foto: Divulgação
A microbiota intestinal é composta por trilhões de micro-organismos que desempenham funções vitais para a saúde humana, como na formação de mais de 70% das células imunológicas, a comunicação entre o sistema nervoso central e a participação em diversos processos que envolvem o sistema endócrino. Porém, tem crescido o número de estudos que apontam que o equilíbrio da microbiota também impacta diretamente na saúde óssea.
Com mais de 30 anos de atuação na nutrição clínica, Denise Carreiro explica que uma microbiota saudável está relacionada com a integridade da parede intestinal, responsável por determinar o que entra ou sai do organismo. “Se temos alteração nessa microbiota saudável, vamos observar um comprometimento de absorção de nutrientes, como vitaminas e minerais, o que também vai prejudicar na formação do osso, que é composto por mais de 24 nutrientes”, conta a especialista.
Desse modo, desequilíbrios na microbiota alteram a permeabilidade do intestino, favorecendo a passagem de substâncias que não deveriam ser absorvidas, como proteínas mal digeridas, toxinas de fungos e más bactérias. Isso pode causar processos inflamatórios no organismo ao mesmo tempo em que inibe a absorção de vitaminas e minerais.
“Em geral, uma perda óssea está relacionada a uma síndrome de má absorção, muito antes de ser uma falta de cálcio. Só que o aumento de substâncias inflamatórias também aumenta a reabsorção de cálcio do osso e inibe a absorção de nutrientes que determinam a formação dessa massa óssea e a fixação do cálcio no osso”, esclarece Denise Carreiro.
Importância da alimentação
A alimentação tem uma importância essencial para garantir a saúde da microbiota, pois é através dela que o ser humano obtém os nutrientes e fitoquímicos para um bom funcionamento do organismo.
Fibras solúveis e insolúveis, amido resistente, inulina e fós são os principais nutrientes que ajudam a manter uma microbiota saudável e estão presentes, principalmente, em legumes, verduras e frutas. O consumo de alimentos orgânicos é ainda mais benéfico para o organismo, pois eles chegam a ter até 50% a mais de fitoquímicos, que são fundamentais não apenas para a saúde da microbiota, como também por sua atuação anti-inflamatória, antioxidante e desintoxicante no organismo.
A nutricionista alerta para o cuidado com a ingestão de alimentos ultraprocessados, que são ricos em proteínas mal digeridas, carboidratos refinados, açúcar e aditivos químicos, e servem de alimento para fungos e más bactérias. Outro fator que impacta na microbiota é o leite da vaca, pois ele altera o pH natural do estômago, intestino e do sangue, além de ser rico em lactose e proteínas que não são digeridas – que também são alimentos de fungos e más bactérias.
CONNECTI
Formada pela Faculdade de Saúde Pública da USP, pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional e docente em cursos de pós-graduação, Denise Carreiro trará o tema “Microbiota intestinal e saúde óssea” para o II Congresso Norte e Nordeste de Casos e Terapias Individualizadas (CONNECTI), realizado pelo Grupo Singular. O evento acontece nos dias 21 e 22 de novembro, no Hotel Deville Prime, em Salvador. As inscrições podem ser feitas através do site: https://connectisalvador.com.br/.
Denise antecipa que pretende levar para o congresso não apenas a importância da adequação da microbiota para uma formação de massa óssea, como também desmistificar mitos e crenças que existem em relação ao tema. “Essa formação é complexa e não podemos simplificar achando que o processo tem a ver isoladamente com a deficiência ou não de cálcio. Quero também mostrar a importância da adequação nutricional e da microbiota saudável para que você tenha uma massa óssea adequada”, complementa a especialista.
A nutricionista ressalta ainda que o tema é muito importante para a atuação dos nutricionistas. “Para conseguir formar a massa óssea adequada, você tem que desinflamar o organismo e adequar a microbiota para que ela possa nutrir as células, dentre elas as células do osso. E é o processo nutricional quem tem o papel principal nessa recuperação da massa óssea”, finaliza.