O sigilo e os mistérios de um inquérito
Confira o nosso editorial desta terça-feira (16)

Foto: Reprodução
A prisão temporária de Sara Winter, a autodenominada ativista de direita, mas cujas pautas não raramente flertam com um extremismo que nada tem a ver com uma legítima e histórica pauta conservadora, traz mais uma vez à tona, entre tantas questões, a tênue linha entre ofensas a autoridades e liberdade de expressão.
A líder do movimento 300 do Brasil, um grupo de cerca de 30 pessoas que ficou em torno de duas semanas acampado no Distrito Federal próximo à Praça dos Três Poderes, assim como outras cinco pessoas da cúpula, são investigados pelo ataque à instituições por uma leitura na, hoje, questionável Lei da Segurança Nacional – é preciso revisá-la e adequá-la aos tempos atuais.
Foram ataques verbais e simbólicos, que não cabe nenhum julgamento antes do processo ser anunciado. São, por hora, interpretações que requerem, mesmo, uma explicação de Sara e de outros líderes do movimento.
É, mais do que tudo, preciso provar as denúncias. A Procuradoria-Geral da República (PGR), por exemplo, argumentou que os militantes do 300 estavam “organizando e captando recursos financeiros” para ações que, dentro da Lei de Segurança Nacional, atentariam contra a integridade física dos chefes dos Poderes da República.
Acontece que é paira um sigilo e um mistério enorme em torno deste inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), com alegações pouco claras sobre as prisões preventivas. Estranho também é que, alvo das críticas de Sara, o ministro Alexandre de Moraes, vejam só, é o relator de outro inquérito que envolve a ativista, o das fake news.