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Oito de cada dez pacientes intubados com Covid-19 morrem na UTI, aponta levantamento

Dados mostram que a letalidade é ainda pior no Norte, com mais de 90%

Por Da Redação
Ás

Oito de cada dez pacientes intubados com Covid-19 morrem na UTI, aponta levantamento

Foto: Reprodução/ Agência Brasil

Oito a cada dez pacientes com Covid-19 intubados em unidades de terapia intensiva (UTI) do Brasil morreram entre novembro de 2020 e março deste ano, segundo apontou os dados do Ministério da Saúde compilados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A taxa de mortalidade de pacientes internados no país é de 83,5%, segundo o Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe). Os dados foram compilados por pesquisadores da Rede Brasileira de Pesquisa em Medicina Intensiva, coordenada por Fernando Bozza.

Os dados mostram que a letalidade entre intubados em UTIs é, hoje, ainda pior no Norte (90,8%) e Nordeste (89,9%), caindo para 79% no Sudeste.

Um outro estudo do grupo, publicado na revista The Lancet Respiratory Medicine, já havia revelado que as taxas brasileiras de morte de pacientes intubados com Covid-19 entre março e 15 de novembro de 2020 era de 77,8%. O número já era superior, no período, ao do Reino Unido (69%), Itália (51,7%), Alemanha (52,8%) e México (73,7%).

Para Bozza, que foi ouvido pelo GLOBO, uma das explicações para a alta na mortalidade foi a política do governo federal em dar importância a remédios sem eficácia no combate ao coronavírus. "O Brasil perdeu muito tempo em 2020 com irrelevâncias, como medicamentos sem eficácia, e a chance de incorporar as melhores práticas e políticas que são de fato eficientes, como treinar equipes de UTI e reduzir a transmissão", afirma.

Outros problemas apontados, desta vez pelo professor de Medicina da USP que atua na UTI do Hospital das Clínicas, em São Paulo, Luciano Azevedo, são à longa espera nas filas de leitos, ao controle inadequado de comorbidades, como diabetes, e à falta de pessoal qualificado. Além disso, há ainda um percentual dos infectados que comparecem às emergências já em estado avançado da doença por terem acreditado que remédios como a ivermectina e cloroquina seriam eficazes contra o vírus.

"O cuidado intensivo brasileiro médio é, principalmente agora na pandemia, inferior ao padrão. Sem equipe preparada, há maior mortalidade e alta incidência de infecções e complicações", diz Luciano Azevedo.

Um paciente na UTI exige a atenção de uma equipe multidisciplinar, que inclui enfermeiros, fisioterapeutas, além dos médicos intensivistas. Com profissionais sem formação na área ou inexperientes tratando doentes graves, aumentam as chances de erro em diversos procedimentos, explica Azevedo. 

O GLOBO também buscou ouvir o Ministério da Saúde sobre a alta na mortalidade hospitalar, mas não houve uma resposta sobre o assunto.
 

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