Coronavírus
Polícia afirma que pelo menos 20 prefeituras podem ter sido lesadas
FOTO: Reprodução / TV Globo
Uma empresa que ofereceu doses da vacina de Oxford/AstraZeneca a pelo menos 20 prefeituras de todo o Brasil é alvo de uma operação nesta quinta-feira (22). A Polícia Civil do RJ afirma se tratar de um golpe.
Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em Pernambuco, expedidos pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Criminal Especializada do RJ, na Operação Sine Die — sem data, em latim.
De acordo com a Delegacia de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro do RJ, a Montserrat Consultoria, com sede no Recife (PE), dizia ter um lote de meio bilhão de doses do imunizante — mas que jamais seriam entregues. A delegacia ainda não sabe se algum município chegou de fato a efetuar o pagamento e transferir quantias milionárias à organização.
A operação policial precisou ser antecipada para evitar que alguma negociação seja concluída e que provas sejam destruídas.
Na decisão que expediu os mandados, o juiz destacou que a Oxford/Astrazeneca não realizou qualquer transação de venda de imunizantes para o mercado privado e entes municipais ou estaduais.
“Foi apurado que a pessoa jurídica citada [Ecosafe] não tem como finalidade social de venda de vacinas e, segundo informações do Consulado Americano, tem sido utilizada para diversas fraudes”, escreveu o magistrado.
Conforme a nota do laboratório AstraZeneca, todas as doses em produção estão destinadas a consórcios internacionais, como o Covax Facility, e contratos com países. Não há doses remanescentes para serem comercializadas.
A polícia disse que nos contratos apresentados pela Montserrat, as cidades deveriam realizar o pagamento antecipadamente via “swift” — um tipo de remessa internacional — ou carta de crédito no momento da suposta postagem das doses em Londres. Essas operações facilitam a remessa para o exterior e dificultam a repatriação dos valores.
Os agentes investigaram que a Ecosafe, além de ser recém-criada, utilizava como endereço um escritório de coworking e ocultava os dados de registro de seu site.
A ação foi realizada com apoio da Polícia Civil de Pernambuco e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Porto Velho chegou a separar R$ 20 milhões
Um dos municípios que receberam a oferta estão Duque de Caxias e Barra do Piraí, no Rio de Janeiro, e Porto Velho, em Rondônia. Somando apenas esses contratos, o golpe renderia quase R$ 70 milhões.
Caxias chegou a assinar um contrato de intenção para compra de um milhão de vacinas no valor de R$ 45 milhões.
Porto Velho negocia há mais de um mês a aquisição de 400 mil doses. O acordo passa por uma inspeção do Tribunal de Contas do Estado de Rondônia. Ao todo, R$ 20 milhões foram investidos para a compra das vacinas. O dinheiro está bloqueado e só seria liberado com a remessa embarcada.
O inquérito foi instaurado logo após oferta a políticos de Barra do Piraí, que desconfiaram da empresa e as formas de negociação. Eles acionaram agentes da Polícia Rodoviária Federal, que fizeram contato com os investigadores da Delegacia de Combate à Corrupção.
Uma reunião de oferta de doses foi gravada, com autorização da Justiça.
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Edital foi publicado no Diário de Oficial
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