Países europeus vivem humilhação com atrasos na campanha de vacinação contra Covid-19

Há um ano, a Itália estava entre os primeiros países a decidirem sobre os bloqueios para frear os casos e mortes causados pela Covid-19. Em 2021, a situação se repete, mas com maior expressividade. O país já registrou mais de 100 mil mortes pela doença, e essa é a segunda maior contagem da Europa, depois do Reino Unido.

Desde ontem (15), escolas, lojas e restaurantes voltaram a fechar em mais da metade da Itália, incluindo Roma e Milão. Com isso, a população residente é obrigada a permanecer em casa, exceto por trabalho, saúde ou outro motivo essencial.

O fechamento dos estabelecimentos é o resultado da quantidade de casos confirmados diariamente ultrapassando 25 mil, além do atraso na campanha de vacinação, o que também ocorre em outras partes da União Europeia.

A farmacêutica AstraZeneca culpou as restrições de exportação que foram impostas por alguns países. Em janeiro deste ano, a empresa anunciou um corte de 100 milhões de doses que seriam entregues à UE em março. Na última semana, Roma bloqueou a exportação de 250 mil doses do imunizante para a Austrália com a justificativa que resolveria o déficit de vacinas na Europa.

Houve ainda a suspensão da aplicação na Bulgária, Dinamarca e Noruega, por temer que os imunizantes causem coágulos sanguíneos após o surgimento do problema em pacientes vacinados. No entanto, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) garantiu, por meio de um comunicado, que "não há indicação" de que as doses da Oxford/AstraZeneca causassem qualquer efeito colateral não previsto na bula. Com isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que os países não devem parar de usar a vacina.

Governo na Alemanha reconhece erros

Na Alemanha, o país foi aplaudido pela implementação do tratamento inicial da pandemia, com a disponibilização dos testes em larga escala e a rápida resposta ao surto de casos confirmados. Porém, desde que deu início ao plano de vacinação, o país vacinou apenas cerca de 6% da população, com 5 milhões de primeiras doses e 3 milhões de segundas doses.

A chanceler Angela Merkel admitiu as falhas na aceleração da disponibilização das vacinas. Parte do problema da Alemanha é que as vacinas só são oferecidas em centros específicos de vacinação e não em consultórios médicos. Merkel afirmou que outros pontos passarão a ser habilitados para imunizar grupos da população até o final de março.

A Alemanha segue tendo bloqueios desde novembro de 2020 e, na última semana, as restrições foram estendidas até o final de março, assim como Itália. Todos os estabelecimentos e serviços não essenciais aos residentes estão fechados temporariamente.

Vacinas

Atualmente há 1,3 milhões de doses da AstraZeneca não utilizadas em armazenamento porque as populações idosas ainda não foram autorizadas a tomá-la. Contudo, alguns alemães também veem a vacina como de qualidade inferior, por causa das taxas de eficácia que são mais baixas que outros imunizantes já autorizados.

"Acho que as pessoas na Alemanha são muito mimadas. Isso me lembra crianças brincando em um parquinho, reclamando de um doce, pensando que merecem outro porque alguém lhes diz que é melhor", disse Thomas Buchhammer, médico, à CNN.

França vive humilhação pela falta de vacina

O governo francês tem encarado não dispor de vacinas contra a Covid-19 e continua dando voltas com o atraso na campanha de vacinação. Até o dia 4 de março, 1.687.026 pessoas haviam recebido a primeira dose da vacina, o que representa 2,5% da população. As mulheres estão na frente, numa proporção de 61%, contra 39% dos homens. No entanto, o número ainda é muito baixo e coloca a França próximo do 40º na lista de países que já deram início à vacinação desde dezembro.

O país conta com três imunizantes autorizados, o da AstraZeneca, Pfizer e da Moderna.