Pandemia faz indústria perder participação no PIB e abrir espaço para o agronegócio
A participação do agronegócio saltou 5,1% para 7,9% entre 2019 e o primeiro trimestre de 2021

Foto: Reprodução/Agência Brasil
A indústria se acentuou com a pandemia do novo coronavírus, segundo indica o levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O levantamento mostra que a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) atingiu novas mínimas e tem perdido o protagonismo na economia brasileira.
O peso da indústria de transformação (que reúne todo o setor manufatureiro) caiu de 11,79% do PIB em 2019 para 11,30% em 2020, se mantendo nesse patamar no 1º trimestre de 2021. Esse é o menor percentual desde 1947, ano em que se inicia a série histórica das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A participação da indústria geral, que inclui também extrativa, construção civil e atividades de energia e saneamento, no PIB caiu de 21,4% em 2019 para 20,4% em 2020, além dos três primeiros meses deste ano, com nova mínima.
Segundo a pesquisadora Silvia Matos, responsável pela elaboração do levantamento, a pandemia, por outro lado, tem dado destaque ao agronegócio, Apenas o agro tem se beneficiado na economia, enquanto os outros segmentos tem caído. "O mundo continuou demandando muito alimentos, teve um boom de commodities e é um setor que continua inovando muito, com adoção de tecnologias", disse ao G1.
Enquanto o setor de serviços caiu de 73,5% em 2019 para 71,7% no primeiro trimestre de 2021, a participação do agronegócio saltou no mesmo período de 5,1% para 7,9%. Esse é o maior percentual desde 1996.
Para a pesquisadora, o agronegócio deve continuar sendo favorecido pela crescente demanda mundial por alimentos, como soja, milho e carnes. Mas, com o avanço da vacina e o gradual fim das medidas de restrição, é esperado que o setor de serviços volte a recuperar a fatia perdida no PIB.
"O setor de serviços foi o que mais sofreu. O país parou de consumir serviços. Então, acabando a pandemia, o natural é que o setor volte a crescer", afirma Matos.