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Pandemia interrompe longa trajetória de redução da miséria no Brasil

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Pandemia interrompe longa trajetória de redução da miséria no Brasil

Educação dos mais pobres dispara, mas crise econômica prejudica renda

Por Da Redação
Pandemia interrompe longa trajetória de redução da miséria no Brasil
Foto: Getty Images

Dados da Fundação Getulio Vargas (FGV) Social, baseados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), apontam que a  educação dos mais pobres disparou nos últimos anos, mas a crise econômica causada pela pandemia continua reduzindo a renda. De acordo com especialistas, a atual crise interrompeu uma longa trajetória de redução da miséria e manteve os fatores que aprisionam o Brasil pobre e desigual. As informações são do jornal Folha de S.Paulo. 

Nos últimos dez anos, apesar de um expressivo aumento de 27% nos anos de estudo (de 6,4 para 8,1) da população na metade mais pobre, a renda do trabalho dessa parcela despencou 26,2%. Essa situação explicita a centralidade do crescimento econômico na redução da pobreza, já que a educação é apontada como a principal mola para o aumento individual da renda.

Com evolução menor na escolaridade, os 50% mais ricos mantiveram seus rendimentos inalterados ou ganharam mais, segundo dados do FGV Social. “Essa é a consequência de um país que não cresce e não cria oportunidades. Embora exista tendência de aumento da escolaridade entre os mais pobres, ela não se refletiu no mercado de trabalho”, afirma Marcelo Neri, diretor do FGV Social. “Para piorar, com a pandemia os pobres acabaram ficando mais longe de aulas presenciais ou remotas na comparação com os mais ricos”, completou. 

Atualmente, o Brasil tem mais pessoas na miséria do que em 2011 e em relação a antes da pandemia. Após longo período de queda sustentada, a taxa de miseráveis voltou a subir e eles são hoje 27,4 milhões (13% da população) vivendo com menos de R$ 261 ao mês, ou R$ 8,70 ao dia, segundo a FGV Social. Com base no total das famílias brasileiras, 57% vivem com menos de R$ 2.200 ao mês, segundo estratificação do Datafolha. Mas, enquanto apenas 2,9 pessoas dividem sua renda em domicílios da classe A/B, são 4,6 indivíduos, para uma renda bem menor, na classe E.

Concentrada sobretudo nas crianças e nos jovens (o que sugere perpetuação), nos negros (especialmente mulheres) e nas regiões Norte e Nordeste, a pobreza também pode ser vista no Sudeste, em favelas. Nessas comunidades, que se multiplicaram nos últimos anos, a taxa de fecundidade das adolescentes é quatro vezes superior à dos bairros ricos.

A tentativa de modificar e ampliar o principal programa social brasileiro, o Bolsa Família, é considerada bem-vinda nesse contexto. Mas, segundo especialistas, um novo programa fortalecido apenas amenizaria uma questão de causas complexas, sem necessariamente interromper o ciclo de pobreza intergeracional. Para isso, seriam necessárias condições macroeconômicas estáveis. Isso passa, ainda segundo os especialistas, pela sustentabilidade das contas públicas e por mais políticas focalizadas na primeira infância, na educação e no ensino técnico de jovens, preparando-os para o mercado de trabalho.

Hoje, no campo macroeconômico, o Brasil tem a maior dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB)- (82,7%)- entre os grandes emergentes e amarga, desde 2014, recorrentes déficits primários, com as despesas do governo federal ultrapassando as receitas todos os anos, sem contar juros da dívida pública.  O impacto negativo do descontrole das contas públicas fica claro se comparado ao período de crescimento acima da média dos anos 2000, quando o PIB aumentou 3,7%, em média, enquanto o governo produzia superávits fiscais quase todos os anos para controlar o endividamento.

Em relação à primeira infância, apesar de o Bolsa Família exigir como condicionalidade manter crianças em escolas e visitar postos de saúde, o gasto público com o programa equivale a menos de 0,5% do PIB (R$ 35 bilhões) para atender 14,6 milhões de famílias. O valor é uma pequena fração do gasto social total brasileiro, de 25% do PIB, contando despesas com educação, saúde e aposentadorias. 
 

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