Pandemia pode ter colaborado para mutação de superbactérias, diz especialista

A pandemia de Covid-19 pode ter colaborado para o surgimento de novas superbactérias resistentes a antibióticos. Segundo o professor de otorrinolaringologia da Santa Casa de Porto Alegre, Geraldo Sant’anna, isso acontece por conta da preocupação com a saúde e o medo de contrair o novo vírus, fazendo com que muitas pessoas utilizem algum medicamento sem acompanhamento médico ou de maneira errada.

Dessa forma, ele explica, os microrganismos conseguem ficar suscetíveis a mutações e ganhar mais força até ficarem resistentes aos antibióticos, dando espaço a bactérias mais difíceis de combater.

“Uma avaliação equivocada ou até a insistência em determinadas condutas podem resultar em prescrição de antibióticos desnecessariamente. O risco é que, com o tempo, infecções bacterianas simples se tornem cada vez mais difíceis de ser combatidas, podendo levar a quadros mais graves ou até a morte. E isso é mais comum e muito mais perigoso do que se imagina”, fala Sant’anna.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a resistência bacteriana seria um dos grandes problemas de saúde global, que, se não for tratado, pode levar a óbito até 2050 mais pessoas do que a Covid-19.

“As superbactérias acontecem mais comumente no ambiente de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), em pacientes com casos graves, devido ao uso de muitos antibióticos”, explica o especialista.

Para evitar o surgimento de novos tipos de bactéria, o especialista orienta tratar os sintomas com cautela, com um médico que é capaz de identificar a origem e a forma adequada de determinado tratamento.

“Evitar o consumo inadequado e excessivo de antibióticos é a principal medida a ser tomada [para evitar o surgimento de superbactérias]. Em caso de infecções virais, é necessário observar e apenas tratar os sintomas, com remédios para combater a dor e a febre, para que o paciente passe pelo período natural da doença com menos desconforto”, destaca.