Para mais de 70% dos professores, crianças da pré-escola têm expressão oral e corporal afetadas pela pandemia
Alunos estão com déficit no desenvolvimento de habilidades

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Crianças da pré-escola, entre quatro e cinco anos, estão apresentando sinais de déficit no desenvolvimento da expressão oral e corporal devido à suspensão das aulas presenciais, segundo uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
Os dados foram coletados em duas cidades, uma no Nordeste e outro no Sudeste. Foram ouvidos 2.070 professores e familiares de alunos matriculados em 77 escolas públicas, privadas e conveniadas.
Como resultado, para 78% dos professores, as crianças estão se desenvolvendo menos do que deveriam. A pesquisa também aponta que a diferença no ambiente de aprendizagem dentro de casa chega a 20 pontos percentuais entre famílias ricas e pobres.
Atividades lúdicas como pintar, desenhar, recortar papéis são mais frequentes em famílias com nível socioeconômico mais alto, e mais rara nos grupos mais vulneráveis.
“As escolas têm currículo, com objetivos de aprendizagem e intencionalidade pedagógica. Isso permite a inserção das crianças no mundo social e da cultura letrada. O dado mostra a falta que faz, para a criança, ter contato com seus pares, e o quanto ela aprende com estas interações. Por mais que tenham irmãos ou vizinhos, não é a mesma coisa que aprendem na escola”, analisa Beatriz Abuchaim, gerente de conhecimento aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em entrevista ao G1.
Outro dado apontado é que Mais de 60% das famílias de crianças na escola pública afirmam não ter acesso à internet, ou ter baixa qualidade do na conexão, o que dificulta as atividades remotas. Nas escolas privadas, no entanto, esse problema atinge 17% das casas.
Para o doutor em educação Tiago Bartholo, do Laboratório de Pesquisa em Oportunidades Educacionais (Lapope), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos responsáveis pela pesquisa, ainda há tempo para retomar o aprendizado e desenvolvimento dessas crianças prejudicadas.
“O importante é que as escolas deem suporte às famílias, pensando na estruturação dessas rotinas: como seria um dia bacana para uma criança de 4 anos? O que precisa ter? Como viabilizar isso na realidade de cada família?”, sugere.