Vídeo: "Sexualidade de pessoas neurodivergentes envolve atravessamentos sensoriais", explica Erika Oliveira
Sexóloga criticou uso do termo “masturbação infantil” e defende acolhimento para lidar com a autoestimulação em crianças autistas

Foto: FB Comunicação
O episódio do podcast Espectro No Farol trouxe a sexóloga Erika Oliveira para discutir o universo da sexualidade na neurodivergência. Em conversa com o host Pedro Mendonça, ela destacou como características neurológicas específicas interferem diretamente na forma como o prazer, o corpo e o desejo são vivenciados por pessoas autistas e com TDAH, por exemplo.
A gente tem que entender que sexualidade neurodivergente vai ter alguns atravessamentos. Um deles está relacionado ao transtorno do processamento sensorial, de ter muita ou pouca sensibilidade — e isso impacta diretamente no corpo e no modo de expressar a sexualidade, explicou Erika.
Segundo a sexóloga, dificuldades comuns entre pessoas com TDAH, como a falta de concentração, também se refletem nos momentos de prazer. Já em crianças dentro do espectro autista, a autoestimulação pode surgir como uma busca por sensações corporais, e não como um ato com conotação erótica. A criança não pensa erotismo, e as pessoas confundem. Por isso que eu detesto quando falam em ‘masturbação infantil’. Isso não existe. Masturbação envolve pensamento ou estímulo erótico, e o que muitas crianças neurodivergentes fazem é buscar sensação, afirmou.
Erika alerta que reprimir esse comportamento sem compreensão pode gerar problemas ainda maiores. Se a família fecha os olhos, repreende ou bate, piora. Vira um comportamento disruptivo. Às vezes, aquela sensação que a criança está buscando poderia ser substituída por um balanço na rede, por exemplo, explicou.
A especialista defende uma abordagem baseada em acolhimento, informação e orientação adequada para familiares, cuidadores e profissionais de saúde.
O episódio está disponível no canal do YouTube FB Comunicação – Podcast.
Veja trecho: