Parlamentares do Brics criticam tarifas unilaterais dos EUA

Reunião em Brasília aponta ações do governo Trump como ameaça ao equilíbrio econômico global

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Parlamentares do Brics criticam tarifas unilaterais dos EUA

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

Durante o 11º Fórum Parlamentar do Brics, realizado nesta terça-feira (3) em Brasília, parlamentares de países membros e parceiros da coalizão criticaram as tarifas unilaterais adotadas pelos Estados Unidos, sob a liderança do presidente Donald Trump, e defenderam o fortalecimento do comércio entre nações do bloco utilizando moedas locais.

Na condição de presidente rotativo do Brics em 2025, o Brasil sediou a reunião entre os presidentes das comissões de relações exteriores de 15 países. O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, presidiu o encontro e alertou para o crescimento de políticas comerciais protecionistas por parte dos EUA, que estariam em desacordo com as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“É grande nossa preocupação com o aumento de medidas protecionistas unilaterais injustificadas, inconsistentes com as regras da OMC, incluindo o incremento indiscriminado de medidas tarifárias e não tarifárias e o uso abusivo de políticas verdes para fins protecionistas”, afirmou Trad, ressaltando o compromisso do bloco com o multilateralismo e a cooperação internacional.

O representante da China, deputado Wang Ke, alertou para o ressurgimento de uma mentalidade semelhante à da Guerra Fria, acusando “alguns países” de desrespeitar o sistema multilateral de comércio. Ele defendeu maior unidade entre os membros do Brics para preservar os interesses das economias emergentes.

O deputado indonésio Mardani Ali Sera defendeu o uso de moedas locais nas transações comerciais do bloco como alternativa à dependência do dólar, medida duramente criticada por Trump, que ameaçou retaliar países que adotarem a estratégia.

Na avaliação do parlamentar nigeriano Busayo Oluwole Oke, os desafios atuais exigem novas rotas de comércio que fortaleçam o Brics frente às rupturas do modelo tradicional ocidental. O boliviano Felix Ajpi Ajpi e o cubano Alberto Nuñez Betancourt também reforçaram a crítica ao unilateralismo, defendendo um sistema multipolar e mais inclusivo.

Atualmente, o Brics é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em 2024, foram incorporados como membros permanentes Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e, neste ano, a Indonésia. O grupo também criou a categoria de membros parceiros, que inclui Bolívia, Cuba, Nigéria e outros seis países.

Entre os principais instrumentos do bloco está o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), presidido pela ex-presidenta Dilma Rousseff, com US$ 33 bilhões destinados a projetos de infraestrutura e desenvolvimento em países emergentes. O uso de moedas locais e a reforma das instituições multilaterais seguem como prioridades da agenda do Brics.

 

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