Pequenos lojistas de shoppings seguem ameaçados pela crise

Mais de 1500 lojas fecharam em todo o estado por conta da pandemia, diz Sindlojas

[Pequenos lojistas de shoppings seguem ameaçados pela crise]

FOTO: Reprodução

Os donos das lojas de shoppings conhecidas como satélites (até 40 metros quadrados), estão vivendo uma situação difícil para continuar mantendo as vendas. Após o período de fechamento do comércio por conta da pandemia da Covid-19, no ano passado, empresários ainda não conseguiram se reerguer diante da crise econômica que assola o país.  

De acordo com o IBGE, durante a pandemia, 1,3 milhão de empresas fecharam as portas no Brasil, sendo que 46% delas encerraram suas operações de vez – as demais ainda têm esperança de reabrir à frente, em algum momento. Das que pararam de funcionar em função da pandemia, 99% são de pequeno porte. 

Além da dificuldade de retomar o ritmo das vendas, os lojistas ainda enfrentam as negociações com as administradoras que se colocam irredutíveis em flexibilizar os custos nesse momento tão delicado de início de ano. 

O pequeno empresário Rogério Horlle, no ramo há 27 anos, alega que as pequenas lojas pagam o triplo que as lojas chamadas de âncoras (as lojas maiores). Segundo ele, o tempo que as lojas permaneceram fechadas não iria impactar tanto se as administradoras não continuassem a cobrar pelos aluguéis. 

“Estamos vivendo uma situação caótica, gravíssima, terrível, estamos desesperados. Nós só conseguimos vender em novembro e dezembro por conta do auxílio emergencial. Vendemos no final do ano de 2020, 50% a menos do que em 2019”, diz.

Rogério Horlle atribui a dificuldade por conta da cobrança do 13º aluguel das lojas em dezembro, que era pra ser paga até a quinzena de janeiro, e a aplicação do IGP-M (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) para a correção dos contratos de locação. 

“Esse valor é absurdo visto o período de queda de faturamento, restrições de horários e de público. Essa é uma cobrança abusiva. Ficamos cinco meses com as portas fechadas. Além disso, a cobrança é feita apenas para os pequenos. Das lojas grandes, as administradoras não cobram”, informou o empresário.

O empresário disse ainda, que os lojistas enfrentam ainda a questão da multa. “Nós não podemos nem fechar as nossas portas, pois a multa é um absurdo. Temos que pagar 10 aluguéis. O que configura hoje cerca de R$ 200 mil. Estamos sendo massacrados”, frisou Rogério.

As lojas satélites representam 82% dos estabelecimentos encontrados em shoppings. São as pequenas lojas, em sua maioria, e não as âncoras (grandes magazines e megalojas), que estão sofrendo mais os efeitos da lenta retomada do movimento. Isso porque as âncoras e as megalojas sempre tiveram condições contratuais favoráveis. Dizia-se que atraíam uma quantidade maior de pessoas aos shoppings e por isso sempre foram tratadas como exceções nas relações contratuais.

Segundo uma pesquisa encomendada pela Ablos (Associação Brasileira de Lojistas Satélites), 85% das pessoas que frequentam esses polos se sentem atraídas pelo mix de opções e não porque vão encontrar ali as âncoras. Ou seja, querem diversidade.

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comercio do Estado da Bahia (SindilojasBa), Paulo Motta, informou ao Farol da Bahia que mais de 1500 lojas fecharam em todo o estado por conta da pandemia. 

“Os shoppings estão realizando negociações individuais com os seus locatórios, não há nenhuma negociação de natureza coletiva, cada caso é um caso, e eles estão dando um tratamento que é possível para manter aquela unidade dentro do seu equipamento em funcionamento. 

As negociações estão sendo difíceis, o quadro é de preocupação porque falta volume de negócio para suportar o pagamento do mês e aquela pendência existente. Cabe ao governo federal trazer mecanismos para reativar a economia. Sem isso não podemos fazer previsões de dias melhores para a atividade produtiva em nosso país”, disse.

O que dizem os Shoppings

Em nota ao Farol da Bahia, o Grupo JCPM, que administra o Salvador Shopping, informou que desde o início da pandemia, foram os primeiros a suspender e adotar novas regras de cobrança durante a suspensão das atividades. 

“Desde então, estamos empenhando grandes esforços no intuito de atuar em conjunto com lojistas e amenizar aquela que vem se mostrando ser uma das piores crises já enfrentadas pelo País, tanto do ponto de vista da saúde pública quanto da economia. Neste momento, seguimos avaliando os casos, negociando e flexibilizando os compromissos financeiros junto aos lojistas”, diz o texto.

Com relação a vacância, o Grupo afirma que, “além do momento sensível que estamos vivenciando, esse é um movimento natural do segmento de shoppings centers. No entanto, reforçamos que nosso número de lojas vagas continua abaixo da média geral considerada pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce)”, informaram.

O Superintendente do Shopping Bela Vista, Vaneilton Almeida, informou ao Farol da Bahia, em nota, que o empreendimento, desde o início da pandemia, apoiou o lojista e negociou cada situação individualmente, tendo em vista que cada loja tem a sua situação financeira específica e seu centro de custo. Dessa forma, consideramos as particularidades de cada negócio. 

“Algumas operações, mesmo durante a pandemia, conseguiram manter suas vendas por meio de plataformas digitais, enquanto outras precisaram de um apoio maior do empreendimento. O Bela Vista criou diversas estratégias para ajudar o lojista a alavancar as vendas como a implantação do drive thru, que permanece até hoje e oferece ao lojista um sistema interno para cadastro dos pedidos e entrega personalizada ao cliente; ações de marketing e investimentos em campanhas nas principais datas do varejo”, informou.

“Somos o primeiro e único shopping do estado a ter o selo de segurança Safeguard, que assegura que o Bela Vista segue todos os protocolos e é o shopping mais seguro para as compras na pandemia; montamos o nosso próprio time de influenciadores digitais que estarão no Bela durante todo o ano divulgando as ações e produtos das lojas em suas redes sociais; ampliamos nossa comunicação on e off-line, impulsionamos nossas plataformas digitais, intensificamos as divulgações com a assessoria de imprensa, entre outras estratégias. Tudo isso para ajudar os lojistas a movimentarem as suas vendas nesses quase 11 meses de pandemia”, acrescentou o Superintendente.


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