Percentual de alunos desmotivados em estudar na pandemia chega a 54%, aponta estudo
Especialistas apontam que índice aponta desgaste do formato das aulas remotas

Foto: Divulgação/UFJF
A dinâmica das aulas remotas está levando os estudantes a se sentirem mais desmotivados com o passar do tempo, essa é uma das revelações feitas por uma pesquisa sobre educação na pandemia. O percentual de alunos sem motivação para estudar saiu de 46%, em maio, e chegou a 54%, em setembro. A dificuldade em se organizar para estudar em casa também aumentou, de 58% para 68%, no mesmo período.
Os dados foram obtidos pelo Instituto Datafolha, a pedido da Fundação Lemann, Itaú Social e Imaginable Futures. Foram ouvidos 1.021 pais ou responsáveis de alunos de escolas públicas municipais e estaduais, de 6 a 18 anos, entre 16 de setembro e 2 de outubro. Para o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, a pesquisa alerta para o risco dos alunos abandonarem a escola. "A evasão e o abandono escolar terá reflexo sobre o estudante, sua família e a sociedade, aumentando ainda mais a desigualdade”, diz Mizne.
A pesquisa também aponta que em setembro, 92% dos estudantes receberam atividades para fazer em casa, contra 74% em maio. O índice aumentou em todas as regiões do país, especialmente no Norte, que passou de 52% em maio para 84% em setembro. O cansaço dos estudantes apontado na pesquisa indica o desafio para o ano letivo de 2021, que deve ocorrer de forma híbrida, com aulas remotas e presenciais, podendo incluir rodízio dos alunos.
Em outubro, o CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou um parecer que permitia a fusão dos anos letivos de 2020 e 2021, em um currículo adaptado, e estendia a permissão das aulas remotas até dezembro de 2021. O parecer ainda não foi homologado pelo MEC (Ministério da Educação). "Precisamos discutir quando a volta às aulas tem que se dar e como prever um ano letivo com foco em entender como cada criança chegou, oferecer apoio pedagógico para que crianças possam recuperar o que não aprenderam e que a gente foque o currículo dentro do mais essencial", afirma Mizne.